Agrofloresta

Agrofloresta em Banfora, Burkina Faso.
Canteiro agroflorestal com cultivo de banana, café, mamão, eucalipto e outras espécies, em Alto Paraíso de Goiás, Brasil

Agrofloresta ou sistema agroflorestal (SAF) é um sistema que reúne as culturas de importância agronômica em consórcio com a plantas que integram a floresta. Um sistema agroflorestal é um sistema de plantio de alimentos que é sustentável e ainda faz a recuperação vegetal e do solo.[1] Existem evidências do uso de sistemas agroflorestais há 4.500 anos, na Amazônia Oriental.

Na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável as agroflorestas constituem sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes (árvores, arbustos, palmeiras) das mais variadas especies, são manejadas em consórcios com plantas herbáceas, culturas agrícolas e/ou forrageiras e/ou em integração com animais, dentro de uma mesma unidade de manejo, de acordo com um arranjo espacial predefinido para a cultura implantada e temporal, ocorrendo uma alta diversidade de espécies e interações ecológicas entre os elementos da composição do sistema, caracterizando assim um modelo agroecologico de sistema integrado. Nesse modelo de exploração agrícola são utilizadas culturas agrícolas e/ou pastagens com espécies florestais. Esses últimos componentes são partes fundamentais e devem integrar e interagir em tais sistemas de exploração, portanto, a não ocorrência de espécies florestais não caracteriza a exploração agrícola como agroflorestal e sim como sistemas de consorcio de culturas agrícolas ou integração lavoura pecuária floresta (ILPF).[2]

Embora seja notória a crescente utilização do uso de Sistemas Agroflorestais nacionais por conta da busca por um sistema de exploração agrícola sustentável em que se possa produzir sem danos drásticos a longo, médio e curto prazo a natureza, muito deve ser feito tanto na adequação técnica dos modelos escolhidos como na adoção de políticas públicas agrícolas, que beneficiem o produtor a fim de que ele possa obter maior lucratividade econômica desse modelo de agricultura. 

Trabalhar a favor da natureza e não contra ela, associar cultivos agrícolas com florestais, recuperar os recursos ao invés de explorá-los e incorporar conceitos ecológicos ao manejo de agroecossistemas são algumas das características da Agricultura Sintrópica, mas não são exclusivas dela. Variações desses fundamentos podem estar associados respectivamente à Permacultura, à Agrofloresta, à Agricultura Regenerativa[3] e à Agroecologia, por exemplo. Certamente encontraremos aderência de objetivos e convergência de práticas entre essas e muitas outras práticas com bases ecológicas e, diante dos desafios ambientais que hoje enfrentamos, são todas muito bem vindas e devem ser devidamente celebradas e estimuladas. Mas talvez seja justamente por conta dessas intersecções de campos de atuação que muitas vezes os alcances e os limites de cada conceito se confundam. Uma primeira e simples distinção que poderíamos fazer seria relativa ao fato de que dentro desse universo de conceitos, alguns se referem a sistemas de uso da terra enquanto que outros são sistemas de design e outros ainda uma ciência ou um movimento social e político. 

No SAF convencional, o sistema natural é substituído por um sistema de monocultivo por extratos. As roçagens e capinas são feitas de forma seletivas, e o sistema é estático, temporal. Isso diminui a produção de biomassa e aumenta a dependência da utilização de fertilizantes externos ao sistema, fator mais grave quando se tem uma menor fertilidade natural dos solos e maior velocidade de decomposição da matéria orgânica original em decorrência disso, o final do ciclo ou decadência de indivíduos de um dos extratos não é reposta por uma renovação dinâmica, áreas bastante grandes (o total do SAF, eventualmente) tem que ser replantadas, com maior demanda de recursos de mão de obra e capital para o produtor.

No SAF regenerativo, a maior quantidade e diversidade de biomassa permitem uma reciclagem e renovação de constante através de podas seletivas e introdução de espécies de modo a preservar a regeneração natural e/ou adensada. O sistema todo é baseado na dinâmica de sucessão natural de espécies e seu manejo.[4][5]

Dentro dessa primeira caracterização, poderíamos dizer que a AS seria também um sistema de uso da terra, porque é voltada para a produção e para a recuperação pelo uso, somada a uma particular cosmovisão. Plantações de florestas para suprir as necessidades do homem. Usa a dinâmica de sucessão de espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para o terreno assim como produtos para o agricultor.[5]

A agrofloresta recupera antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo,[6] unindo a elas o conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais, e sua interação com a fauna nativa.

  1. «Sistemas agroflorestais como uso sustentável dos solos: conceito e classificação». www.ceplac.gov.br. Consultado em 18 de janeiro de 2018 
  2. PENEIREIRO, FABIANA MONGELI. APOSTILA DO EDUCADOR AGROFLORESTAL: INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS UM GUIA TÉCNICO UM GUIA TÉCNICO. RIO BRANCO: UFA 
  3. Agricultura Regenerativa Instituto Souza Cruz
  4. «#026 O que é uma Agrofloresta?». Alô, Ciência?. 13 de setembro de 2017. Consultado em 27 de julho de 2021 
  5. a b «#060 Agroflorestas pelo mundo». Alô, Ciência?. 8 de abril de 2019. Consultado em 27 de julho de 2021 
  6. Maezumi, S. Yoshi; Alves, Daiana; Robinson, Mark; de Souza, Jonas Gregorio; Levis, Carolina; Barnett, Robert L.; Almeida de Oliveira, Edemar; Urrego, Dunia; Schaan, Denise (agosto de 2018). «The legacy of 4,500 years of polyculture agroforestry in the eastern Amazon». Nature Plants (em inglês) (8): 540–547. ISSN 2055-0278. PMC 6119467Acessível livremente. PMID 30038410. doi:10.1038/s41477-018-0205-y. Consultado em 27 de julho de 2021 

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