Benzodiazepina

Benzodiazepina
Alerta sobre risco à saúde
Outros nomes 1H-Benzo-1,4-Diazepina
Identificadores
Número CAS
PubChem 148431
ChemSpider 130847
Propriedades
Fórmula química C9H8N2
Massa molar 144.17 g mol-1
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.
Xanax (alprazolam) 2 mg comprimidos

Benzodiazepinas são uma classe de fármacos psicotrópicos cuja estrutura química é a fusão de um anel de benzeno com um anel de diazepina. O primeiro destes fármacos, o clorodiazepóxido, foi descoberto acidentalmente por Leo Sternbach em 1955, e introduzido no mercado na década de 1960 pela farmacêutica Hoffmann–La Roche, que, desde 1963, comercializa também a benzodiazepina diazepam (Valium).[1] Em 1977, as benzodiazepinas eram o fármaco mais receitado em todo o mundo.[2] As benzodiazepinas pertencem à classe farmacêutica dos ansiolíticos.[3]

As benzodiazepinas potenciam o efeito do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA) no recetor GABAA, o que resulta em propriedades sedativas, hipnóticas (indutoras de sono), ansiolíticas (diminuição da ansiedade), anticonvulsantes e de relaxamento muscular. No entanto, doses elevadas de muitas benzodiazepinas de curta duração podem também causar amnésia retrógrada e dissociação.[4] Estas propriedades levam a que as benzodiazepinas sejam usadas no tratamento de ansiedade, insónias, agitação, ataques epilépticos, espasmos musculares, privação de álcool e como pré-medicação para intervenções médicas ou dentárias.[5] As benzodiazepinas são classificadas como de curta, média ou longa duração. As benzodiazepinas de curta e média duração são preferenciais no tratamento de insónias, enquanto as de longa duração são recomendadas no tratamento de ansiedade.[6]

As benzodiazepinas são geralmente consideradas seguras e eficazes para utilização de curta duração, embora possa ocasionalmente ocorrer comprometimento da cognição ou efeitos paradoxais como agressividade ou desinibição comportamental ou, numa minoria de pessoas, agravamento da agitação ou pânico.[7] As benzodiazepinas estão também associadas a um risco acrescido de suicídio.[8] A utilização de benzodiazepinas a longo prazo é controversa, dado que existem preocupações com os seus efeitos adversos físicos e psicológicos, com a diminuição gradual da sua eficácia, assim como a dependência física que causa agitação agravada e síndrome de privação associado.[9][10] Dado que existe uma série de efeitos adversos associados ao seu uso prolongado, em muitos casos a interrupção do consumo de benzodiazepinas melhora o estado de saúde física e mental da pessoa.[11][12] Os idosos apresentam um risco superior de ser afetados pelos efeitos adversos do fármaco, tanto os de curto como os de longo prazo,[11][13] o que levou a que as benzodiazepinas tivessem sido incluídas na lista de Beers de medicamentos inapropriados para idosos.[14]

Existe um foco de controvérsia sobre a segurança das benzodiazepinas na gravidez. Embora não sejam significativamente teratógenos, existe incerteza se causam fissura labiopalatal numa pequena percentagem de bebés e se os efeitos neurocomportamentais ocorrem como resultado de exposição pré-natal,[15] para além de poderem causar síndrome de abstinência nos recém-nascidos.

A overdose de benzodiazepinas pode causar coma. No entanto, são um medicamento menos tóxico que os seus antecessores, a classe dos barbitúricos, e muito raramente ocorrem mortes quando as benzodiazepinas são administradas isoladamente. No entanto, quando são associadas a outros depressores do sistema nervoso central, como bebidas alcoólicas ou opióides, o potencial de toxicidade e overdose mortal aumenta.[16][17] O abuso de benzodiazepinas é comum, sendo por vezes tomadas em conjunto com outras drogas que causam dependência.[18][19][20]

  1. Shorter E (2005). «Benzodiazepines». A Historical Dictionary of Psychiatry. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 41–2. ISBN 0-19-517668-5 
  2. Treating Alcohol and Drug Problems in Psychotherapy Practice Doing What Works. New York: Guilford Publications. 2011. p. 47. ISBN 9781462504381 
  3. Goldberg, Raymond (2009). Drugs Across the Spectrum (em inglês). [S.l.]: Cengage Learning. p. 195. ISBN 9781111782009 
  4. Page C, Michael C, Sutter M, Walker M, Hoffman BB (2002). Integrated Pharmacology 2nd ed. [S.l.]: C.V. Mosby. ISBN 978-0-7234-3221-0 
  5. Olkkola KT, Ahonen J (2008). «Midazolam and other benzodiazepines». In: Schüttler J, Schwilden H. Modern Anesthetics. Col: Handbook of Experimental Pharmacology. 182. [S.l.: s.n.] pp. 335–60. ISBN 978-3-540-72813-9. PMID 18175099. doi:10.1007/978-3-540-74806-9_16 
  6. Dikeos DG, Theleritis CG, Soldatos CR (2008). «Benzodiazepines: effects on sleep». In: Pandi-Perumal SR, Verster JC, Monti JM, Lader M, Langer SZ. Sleep Disorders: Diagnosis and Therapeutics. [S.l.]: Informa Healthcare. pp. 220–2. ISBN 0-415-43818-7 
  7. Saïas T, Gallarda T (setembro de 2008). «[Paradoxical aggressive reactions to benzodiazepine use: a review]». L'Encéphale (em francês). 34 (4): 330–6. PMID 18922233. doi:10.1016/j.encep.2007.05.005 
  8. Dodds TJ (março de 2017). «Prescribed Benzodiazepines and Suicide Risk: A Review of the Literature». The Primary Care Companion for CNS Disorders. 19 (2). PMID 28257172. doi:10.4088/PCC.16r02037 
  9. Lader M (2008). «Effectiveness of benzodiazepines: do they work or not?». Expert Review of Neurotherapeutics (PDF). 8 (8): 1189–91. PMID 18671662. doi:10.1586/14737175.8.8.1189 
  10. Lader M, Tylee A, Donoghue J (2009). «Withdrawing benzodiazepines in primary care». CNS Drugs. 23 (1): 19–34. PMID 19062773. doi:10.2165/0023210-200923010-00002 
  11. a b Ashton H (maio de 2005). «The diagnosis and management of benzodiazepine dependence» (PDF). Current Opinion in Psychiatry. 18 (3): 249–55. PMID 16639148. doi:10.1097/01.yco.0000165594.60434.84 
  12. Ashton H (2004). «Benzodiazepine dependence». In: Haddad P, Dursun S, Deakin B. Adverse Syndromes and Psychiatric Drugs: A Clinical Guide. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 239–60. ISBN 978-0-19-852748-0 
  13. McIntosh A, Semple D, Smyth R, Burns J, Darjee R (2005). «Depressants». Oxford Handbook of Psychiatry 1st ed. [S.l.]: Oxford University Press. p. 540. ISBN 0-19-852783-7 
  14. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel (2015). «American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate Medication Use in Older Adults.». Journal of the American Geriatrics Society. 63 (11): 2227–46. PMID 26446832. doi:10.1111/jgs.13702 
  15. American College of Obstetricians and Gynecologists Committee on Practice Bulletins—Obstetrics (abril de 2008). «ACOG Practice Bulletin: Clinical management guidelines for obstetrician-gynecologists number 92, April 2008 (replaces practice bulletin number 87, November 2007). Use of psychiatric medications during pregnancy and lactation». Obstetrics and Gynecology. 111 (4): 1001–20. PMID 18378767. doi:10.1097/AOG.0b013e31816fd910. Resumo divulgativo 
  16. Fraser AD (outubro de 1998). «Use and abuse of the benzodiazepines». Therapeutic Drug Monitoring. 20 (5): 481–9. PMC 2536139Acessível livremente. PMID 9780123. doi:10.1097/00007691-199810000-00007 
  17. «FDA requires strong warnings for opioid analgesics, prescription opioid cough products, and benzodiazepine labeling related to serious risks and death from combined use». FDA. 31 de agosto de 2016. Consultado em 1 de setembro de 2016 
  18. Charlson F, Degenhardt L, McLaren J, Hall W, Lynskey M (2009). «A systematic review of research examining benzodiazepine-related mortality». Pharmacoepidemiology and Drug Safety. 18 (2): 93–103. PMID 19125401. doi:10.1002/pds.1694 
  19. White JM, Irvine RJ (julho de 1999). «Mechanisms of fatal opioid overdose». Addiction. 94 (7): 961–72. PMID 10707430. doi:10.1046/j.1360-0443.1999.9479612.x 
  20. Lader MH (1999). «Limitations on the use of benzodiazepines in anxiety and insomnia: are they justified?». European Neuropsychopharmacology. 9 (Suppl 6): S399–405. PMID 10622686. doi:10.1016/S0924-977X(99)00051-6 

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