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O construcionismo social, também referido como construção social da realidade, é uma teoria nas ciências sociais, segundo a qual aspectos da realidade social, incluindo conceitos, crenças, normas e valores, são produto de interações contínuas e negociações entre membros dentro de uma sociedade.[1] Esta teoria sugere que a realidade social não é determidada, mas sim moldada pelas histórias, crenças e ideias que circulam na sociedade.[2] Assim, indivíduos não são espectadores, mais participantes e moldadores ativos da realidade externa, cujas ações e comportamentos são influenciados por uma matriz social invisível.
Através do diálogo e da interação, as pessoas tecem uma tapeçaria de realidades e narrativas individuais que, ao se entrelaçarem, formam uma constructo social. Nesse processo, as percepções individuais influenciam e são influenciadas pelo ambiente social, destacando a interdependência entre os processos sociais e a construção da realidade individual e coletiva. Essa teoria não apenas desvenda o poder da sociedade em moldar a percepção de seus membros, mas também celebra a capacidade humana de recriar continuamente o mundo ao seu redor.
A importância de examinar narrativas criadas pelo construcionismo social é ilustrada na transformação do modo pelo qual eventos históricos são interpretados e comemorados. Um exemplo notável dessa mudança narrativa é a substituição, em vários países, do Dia de Colombo - e, no Brasil, do Dia do Índio" - pelo Dia da Resistência Indígena, indicando uma mudança de perspectiva que não só valida a cultura indígena como reconhece o genocídio indígena, contrapondo-se também à narrativa eurocêntrica do "descobrimento da América" por Cristóvão Colombo, sendo que a América já havia sido descoberta por outros humanos e já era habitada. Esse reenquadramento dos fatos não só modifica a nossa compreensão do passado, mas também tem efeitos diretos no presente, particularmente na formulação de políticas públicas.[3][4] A tecnologia digital amplificou essa influência, com mídias sociais possibilitando debates e redefinições de construtos em tempo real.[5][6]
É importante distinguir o construcionismo social do construtivismo social. O construcionismo social refere-se à construção coletiva de significados e a entendimentos compartilhados. Já o construtivismo social tem uma abordagem mais centrada no indivíduo e explora a maneira como cada pessoa processa, interpreta e compreende informações no seu contexto social, particularmente no decorrer de seu desenvolvimento e aprendizagem pessoais. A ênfase, nesse último caso, recai sobre a geração do conhecimento e da compreensão em nível individual, a partir das interações sociais e experiências de vida do sujeito.[7]