Cultura do cancelamento

Cultura do cancelamento, arte abstrata de August Meriwether

A cultura do cancelamento é um fenômeno moderno segundo o qual uma pessoa ou um grupo é expulso(a) de uma posição de influência ou fama devido a atitudes consideradas questionáveis — seja on-line, no mundo real ou em ambos.[1] É uma espécie de boicote em que uma entidade (p.ex., empresa) ou mais comumente um indivíduo, geralmente uma celebridade, que demonstrou uma postura questionável ou controversa, ou que no passado teve comportamento percebido como ofensivo nas redes sociais, é "cancelado(a)".[2] Eles são ostracizados e afastados por ex-amigos, seguidores, apoiadores e adversários, levando a um grave prejuízo na carreira do indivíduo cancelado. Em caso de celebridades, sua base de fãs pode diminuir significativamente.[3][4] A expressão "cultura de cancelamento" tem sobretudo conotações negativas e é normalmente usada em debates sobre liberdade de expressão e censura.[5] O termo tornou-se popular entre o fim dos anos 2010 e o início dos anos 2020.

É um tema polêmico sem definição clara, utilizado comumente em discursos inflamatórios, com alta carga ideológica, muitas vezes com o objetivo de atacar outro grupo social ou político. Por isso, segundo algumas vozes, pode ser considerada como um "golpe" ("scam") político: atacar uma suposta cultura do cancelamento é a reação desesperada de grupos reacionários que se veem prejudicados devido a reação a seus comportamentos considerados, por críticos, como sendo inadequados para a sociedade moderna.[6]

Barack Obama, comentando em 2019, sobre denúncia online, pureza pessoal e ser "politicamente desperto", disse: "Se tudo o que fazes é atirar pedras, provavelmente não vais chegar muito longe". Qual a real extensão do fenómeno, que se verifica essencialmente nos EUA e Reino Unido, não é muito claro.[1][7]

Existem vários graus de cancelamento. Bill Cosby, R. Kelly, Harvey Weinstein e outros foram "cancelados" por motivos bem sérios, como agressão ou assédio sexual ; abusadores não famosos e executivos de meios de comunicação predatórios também foram "cancelados". Os meramente ofensivos, como Roseanne Barr, ou Shane Gillis estão algures mais abaixo na escala, perto dos provocadores, desinformados ou insensíveis, como Dave Chappelle, ou Scarlett Johansson.[1] Na ponta inferior, o cancelamento consiste em algumas críticas suaves e inconsequentes. No YouTube, os vloggers cancelam-se uns aos outros e mesmo eles próprios regularmente, muitas vezes por queixas mesquinhas ou inventadas.[1]

  1. a b c d John McDermott (2 de Novembro de 2019). «Those People We Tried to Cancel? They're All Hanging Out Together (Published 2019)». The New York Times (em inglês). Cópia arquivada em 2 de novembro de 2019 
  2. of 'Privilege.'", Phoebe Maltz BovyPhoebe Maltz Bovy is the author of "The Perils. «Perspective | Cancel culture is a real problem. But not for the people warning about it.». Washington Post (em inglês). Consultado em 27 de julho de 2020 
  3. Sills, Sophie; Pickens, Chelsea; Beach, Karishma; Jones, Lloyd; Calder-Dawe, Octavia; Benton-Greig, Paulette; Gavey, Nicola (23 de março de 2016). «Rape culture and social media: young critics and a feminist counterpublic». Feminist Media Studies. 16 (6): 935–951. doi:10.1080/14680777.2015.1137962 
  4. Munro, Ealasaid (23 de agosto de 2013). «Feminism: A Fourth Wave?». Political Insight. 4 (2): 22–25. doi:10.1111/2041-9066.12021 
  5. Brown, Dalvin (17 de Julho de 2020). «Has Twitter's cancel culture gone too far?». USA Today (Arq. em WayBack Machine) 
  6. Hobbes, Michael (10 de julho de 2020). «Don't Fall For The 'Cancel Culture' Scam». HuffPost Brasil. Consultado em 14 de agosto de 2020 
  7. Rueb, Emily S. Rueb (e outro) (31 de Outubro de 2019). «Obama on Call-Out Culture: 'That's Not Activism' - The New York Times». New York Times 

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