Economia da Alemanha Nazista

Adolf Hitler numa cerimônia de construção das Autobahn, em setembro de 1933.

Nos primeiros anos do regime nazista ou nazi, a economia da Alemanha recuperou-se e cresceu de maneira extremamente rápida, o que foi considerado "um milagre" por muitos economistas, muito embora tenha se manifestado de maneira desigual.[1] O desemprego de 1920 e do início de 1930 foi reduzido de seis milhões de desempregados em 1932 para menos de um milhão em 1936. A produção nacional cresceu 102%, de 1932 a 1937, e a renda nacional dobrou. Em 1933 a política econômica nazista ditada pelo Ministro da Economia Dr. Hjalmar Schacht queria diminuir o desemprego por meio da expansão de obras públicas[2] e do estímulo a empresas privadas. O crédito governamental foi fornecido pela criação de fundos especiais de desemprego, concedeu-se isenção de impostos às empresas que aumentassem o emprego e seus gastos de capital em 1935, 1936, 1937 e 1938 o PIB alemão cresceu a uma taxa de 9% ao ano atingindo um crescimento de 11% em 1939.[3] O governo alemão se declarava na época um defensor da livre iniciativa e da propriedade privada.[4][5] Uma das principais bases da recuperação alemã foi o rearmamento, para o qual o regime nazista dirigiu sua força econômica, a indústria e o trabalho a partir de 1934. Sendo conhecido como Wehrwirtschaft (economia de defesa), que devia funcionar em tempos de paz e guerra e no período que antecede a guerra.[6]

Um plano de quatro anos foi criado em 1936 para conquistar a autossuficiência em caso de guerra, a força aérea (Luftwaffe), proibida desde 1919, foi reconstituída, teve igualmente início a reconstrução da Kriegsmarine (Marinha) alemã. Hitler reintroduziu o serviço militar obrigatório em 1935, após a devolução da bacia do Sarre (rio na França e Alemanha, sob administração da Liga das Nações desde o final da Primeira Guerra Mundial). Fritz Sauckel era o responsável pelo fornecimento de mão-de-obra estrangeira para a indústria alemã, principalmente a indústria de armamentos, o número de trabalhadores era definido por Hitler e Albert Speer, Ministro do Armamento. A operação de escravização recrutou 5 milhões de pessoas de outros países, das quais somente 200 000 foram de vontade própria. Foi a maior operação de trabalho escravo da história.[7] A economia alemã, assim como outras de nações ocidentais, sofreu grandes efeitos da Grande Depressão, como o aumento no desemprego após a Quinta-Feira Negra.[8] Quando Adolf Hitler se tornou chanceler em 1933, ele introduziu políticas destinadas a melhorar a economia. Essas mudanças incluíam privatização de indústrias nacionais, autarquia e impostos incidentes sobre bens importados. Salários tiveram um aumento líquido por volta de 10,9% durante esse período.[9] No entanto, um comércio internacional reduzido implicou em racionamentos de bens de consumo como aves, frutas e vestimenta para muitos alemães.[10]

Os nazistas acreditavam na guerra como a principal força motriz para o progresso humano, e afirmavam que o principal propósito da economia de um país deveria ser permitir que este lute e vença guerras para se expandir.[11] Com isso em mente, quase que imediatamente após chegar ao poder, um vasto programa de rearmamento militar foi executado, o que causou uma diminuição em investimentos civis.[12] Durante a decáda de 30, a Alemanha Nazista aumentou seus gastos militares mais rápido do que qualquer outro estado em tempos de paz,[13] e eventualmente o exército passou a representar a maior parte da economia alemã na década de 40.[14] Isso foi financiado principalmente por endividamentos anteriores à guerra, com os nazistas acreditando que essas dívidas seriam quitadas a partir da pilhagem de territórios conquistados durante e depois da guerra.[15] Tais planos de pilhagem até aconteceram, mas seus resultados ficaram aquém do planejado.[16] O governo nazista instituiu parcerias com interesses de grandes corporações alemãs, as quais apoiaram os objetivos do regime e seu esforço de guerra em troca de contratos com benefícios, subsídios, e a supressão do movimento sindical.[17] Carteis e monopólios eram incentivados para a desvantagem de pequenos negócios, apesar dos nazistas terem recebido um considerável apoio eleitoral de pequenos comerciantes.[18]

A Alemanha Nazista utilizou de trabalho escravo, composto de prisioneiros e detentos de campos de concentração, os quais foram expandidos fortemente após o começo da segunda guerra mundial. Somente na Polônia, por volta de 5 milhões de cidadãos (incluindo judeus poloneses) foram usados como mão de obra escrava durante a guerra.[19] Entre os trabalhadores escravizados nos territórios ocupados, centenas de milhares foram usados por grandes corporações alemãs como Thyssen, Krupp, IG Farben, Bosch, Blaupunkt, Daimler-Benz, Demag, Henschel, Junkers, Messerschmitt, Siemens, e Volkswagen, assim como a empresa holandesa Philips.[20] Em 1944, a mão de obra escrava já equivalia a um quarto de toda a força de trabalho alemã, com a maioria das fábricas alemãs possuindo um contingente de prisioneiros.[21]

  1. Steinback, Athahn (11 de outubro de 2019). «Dark Apostles – Hitler's Oligarchs: Göring, Goebbels, Himmler, Heydrich and Revolutionary Totalitarian Oligarchy in the Third Reich». History in the Making. 10 (1) 
  2. Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany, em inglês, acesso em 13 de julho de 2014.
  3. PART 10: Nazism and the German economic miracle
  4. Full text of "A Collection of Speeches in German"
  5. Regierungserklärung zum Gesetz zur Behebung der Not von Volk und Reich durch Reichskanzler Adolf Hitler
  6. Basic Facts for a History of German War and Armament Economy. Citado em Conspiração e Agressão dos Nazistas, I, página 350 (Documentos de Nuremberg 2353-PS)
  7. Nuremberg Nazistas no banco dos Réus (no original em inglês Nuremberg - Nazis on Trial). Documentário da BBC. 1996.
  8. Adam Tooze, The Wages of Destruction: The Making and Breaking of the Nazi Economy (2008)
  9. Lee, Stephen (1996). Weimar and Nazi Germany. Oxford: Heinemann. 86 páginas. ISBN 043530920X 
  10. Evans, Richard J. "Business, Politics, and War." The Third Reich in Power. New York: Penguin, 2006. 392. Print
  11. Tooze 2006, pp. 38.
  12. Tooze 2006, pp. 55.
  13. Tooze 2006, pp. 66.
  14. Evans, Richard J., The Third Reich at War (New York: Penguin, 2008), p. 333.
  15. Evans 2005, p. 345.
  16. Tooze 2006, pp. 410-420.
  17. Tooze 2006, pp. 101-114.
  18. William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich: A History of Nazi Germany, New York, NY, Simon & Schuster, 1960, p. 231-232
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