Efectivo populacional

Em genética populacional, o conceito de efectivo populacional Ne ,também conhecido como tamanho efetivo populacional, representa o tamanho que uma população ideal precisaria ter para sofrer a mesma quantidade de deriva genética que a população real em consideração, seja pela variância de frequência do gene ou pela taxa de endogamia. Esse termo foi originalmente formulado pelo geneticista Sewall Wright em 1931,[1][2] um dos fundadores da genética populacional, a fim de medir e precisar a quantidade de deriva genética aleatória em populações reais com uma distribuição não binomial de números de progênies, sexos separados ou flutuações no tamanho da população.[3][4][5]

Diferencia-se de N, tamanho populacional, que equivale ao número total de indivíduos de determinada população. Ou seja, no tamanho efetivo populacional são considerados apenas organismos que atingiram a maturidade sexual, de forma que poderão influenciar a continuidade evolutiva da espécie.

Embora tenha se mostrado útil na concepção e análise de programas de reprodução artificial e na compreensão da evolução em populações naturais, o tamanho efetivo populacional não reflete otimamente a população, vide que há dificuldade em incorporar a operação simultânea dos vários fatores complicadores encontrados em populações reais, sendo a proporção sexual desigual, variação no tamanho da família e flutuações no tamanho da população as principais variáveis previstas para afetar Ne.[6] [7] Dessa forma, uma população idealizada possui acasalamento aleatório, nascimento simultâneo de cada nova geração, tamanho populacional constante e uma expectativa igual de progênie para cada pai. Em certas situações simples, Ne pode ser equivalente ao número de indivíduos reprodutores na população. No entanto, na maioria das populações reais, o tamanho da população real (N) é maior do que o tamanho da população efetiva Ne.[8]

  1. Wright, S. (1931). Evolution in Mendelian populations. Genetics 16: 97-159.pdf file
  2. Wright, S. (1938). Size of population and breeding structure in relation to evolution. Science 87:430-431.
  3. SOULÉ, Michael E. et al. (Ed.). Viable populations for conservation. Cambridge university press, 1987.
  4. MEYER, Diogo. INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Deriva genética, tamanho efetivo populacional e teoria neutra, 2017. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4097699/mod_resource/content/1/deriva_neutralidade_2017.pdf>. Acesso em: 07 de fev. de 2021.
  5. CRANDALL, Keith A.; POSADA, David; VASCO, Dan. Effective population sizes: missing measures and missing concepts. Animal Conservation, v. 2, n. 4, p. 317-319, 1999.
  6. PAETKAU, David. Using genetics to identify intraspecific conservation units: a critique of current methods. Conservation Biology, v. 13, n. 6, p. 1507-1509, 1999.
  7. PEACOCK, Mary M. et al. The evolutionarily significant unit concept and the role of translocated populations in preserving the genetic legacy of Lahontan cutthroat trout. Transactions of the American Fisheries Society, v. 139, n. 2, p. 382-395, 2010.
  8. CASACCI, Luca Pietro; BARBERO, Francesca; BALLETTO, Emilio. The “Evolutionarily Significant Unit” concept and its applicability in biological conservation. Italian Journal of Zoology, v. 81, n. 2, p. 182-193, 2014.

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