Escola Militar do Realengo

Escola Militar

Fachada do prédio
País  Brasil
Estado  Rio de Janeiro
Corporação Exército Brasileiro
Subordinação Estado-Maior do Exército, Ministério da Guerra, Inspetoria Geral de Ensino do Exército
Período de atividade 1913–1944
Logística
Alunos 700-800 (1920–1929)[1]
Comando
Comandantes
notáveis
Sede
Guarnição Realengo, Rio de Janeiro

A Escola Militar do Realengo foi a instituição formadora de oficiais do Exército Brasileiro, de 1913 até sua transferência a Resende, em 1944, originando a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Ali iniciava a formação da elite militar, parte importante da consolidação do Estado republicano em sua época. Seus alunos, denominados cadetes após 1931, formavam-se como aspirantes-a-oficial, aptos a chefiar pelotões, e eram designados para os corpos de tropa. Mais acima na hierarquia militar, os oficiais prosseguiriam a instrução na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e outras instituições. Cadetes da Aviação tinham apenas o início da formação no Realengo, concluindo-a na Escola de Aviação Militar, situada no Campo dos Afonsos.

Sua antecessora, a Escola Militar da Praia Vermelha (EMPV), tinha um currículo de teor civil e científico, formando “bacharéis fardados”, politicamente engajados. Nem eles e nem os “tarimbeiros”, os oficiais mais práticos formados na tropa, tinham uma formação militar moderna. As reformas do Exército no início do século XX procuraram tornar o ensino prático, de teor técnico-profissional, e formar oficiais disciplinados e fiéis à hierarquia. Nesse sentido, a formação foi transferida para o Realengo, bairro suburbano do Rio de Janeiro, mais distante da agitação política da capital federal e com espaço para o treinamento militar em campo. Os alunos continuavam vindo em grande parte da classe média urbana. Os cursos das Armas da Artilharia e Engenharia já funcionavam no Realengo desde 1905, quando a EMPV foi extinta; os dois outros cursos, Infantaria e Cavalaria, foram centralizados naquelas instalações em 1913.

O novo currículo não incluía ensino teórico, apenas prático ou teórico-prático. Contudo, nos primeiros anos de funcionamento, faltavam recursos, uma situação que começou a mudar em 1918 com a contratação, por concurso, da “Missão Indígena” - um grupo de instrutores influenciados pelo reformismo militar dos jovens turcos. Os alunos foram organizados em subunidades militares dentro de um Corpo de Alunos, e o tempo de curso das quatro Armas foi igualado para três anos. Em 1919–1920, o prédio foi expandido para o tamanho atual, embora as instalações fossem simples. Os exercícios físicos eram rigorosos, e a disciplina, severa. O Realengo tornou-se fundamental para a profissionalização do Exército, proporcionando aos novos oficiais um nível sem precedentes de preparação técnica. No entanto, ao contrário do que as autoridades militares pretendiam, o ambiente era politizado, e o ensino, ao fortalecer uma identidade militar sólida, aumentava o sentimento de superioridade em relação aos políticos civis. Em 1922, ocorreu uma revolta dos alunos e instrutores, marcando o primeiro episódio do tenentismo, com a turma do final de 1919 se tornando o núcleo das revoltas tenentistas.

Após 1922, a Missão Indígena chegou ao fim e a Missão Militar Francesa tomou seu espaço. O ensino prático foi equilibrado com o teórico no currículo. O comando foi assumido em 1931–1934 pelo coronel José Pessoa, que ambicionava tornar os cadetes uma aristocracia moral. Ele aumentou o número de candidatos civis e a vida dos cadetes, que já era em internato integral desde 1930, foi regulada ao nível de uma instituição total, ao mesmo tempo que a disciplina foi abrandada, reformas físicas tornaram a Escola mais confortável, surgiram símbolos e rituais (uniformes históricos, brasão, espadim e estandarte) existentes até hoje, sendo idealizada a transferência da Escola a Resende. Após 1938, o Estado Novo aplicou uma política discriminatória na seleção dos candidatos, procurando formar uma elite institucional homogênea. Ao início dos anos 1940, os cadetes do Realengo atingiram um prestígio na sociedade inexistente na AMAN décadas depois. Os oficiais formados em 1913–1944, a “geração do Realengo”, tinham um sentimento de identidade com suas turmas, e muitos teriam longas carreiras de envolvimento político e ocupação de cargos públicos. Os generais responsáveis pelo golpe de Estado de 1964 formaram-se ali no final dos anos 10 e nos anos 20, e os presidentes da ditadura militar brasileira (1964–1985) eram ex-alunos.

  1. McCann 2009, p. 315.

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