Etnografia

A etnografia (do grego έθνος, ethno - nação, povo e γράφειν, graphein - escrever) é o método utilizado pela antropologia na coleta de dados. Baseia-se no contato inter-subjetivo entre o antropólogo e o seu objeto, seja ele uma aldeia indígena ou qualquer outro grupo social sob o qual o recorte analítico será feito. A base de uma pesquisa etnográfica é o trabalho de campo. Neste caso, este trabalho de campo se dá por meio do contato intenso e prolongado (que pode durar até mesmo mais de um ano) do pesquisador com a cultura do grupo para descobrir como se organiza seu sistema de significados culturais.[1] O etnógrafo pode ser considerado um instrumento humano. Com um problema de pesquisa, uma teoria de interação ou de comportamento social e uma variedade de guias conceituais em mente, o etnógrafo se envereda em uma cultura ou situação social para explorar, coletar e analisar dados. O trabalho de campo, de muitas formas, é mais complicado que um estudo de laboratório, mas também pode ser muito compensador.[2]

Bronislaw Malinowski, na introdução de seu clássico estudo Os Argonautas do Pacífico Ocidental (publicado em 1922), marcou a história da antropologia moderna ao propor uma nova forma de etnografia, envolvendo detalhada e atenta observação participante, apesar de Malinowski nunca ter utilizado a expressão. Sob sua trilha vieram outras etnografias clássicas, como Naven de Gregory Bateson, Nós, os Tikopia de Raymond Firth. Principalmente a partir da antropologia interpretativa ou pós-moderna, autores como James Clifford, Clifford Geertz e George Marcus, com sua antropologia multi-situada (ou multi-localizada) passaram a discutir o papel político, literário e ideológico da antropologia e de sua escrita, em esforços verdadeiramente metalingüísticos e intertextuais. Exemplos famosos de Etnografias contemporâneas são Xamanismo, Colonialismo e o Homem Selvagem, de Michael Taussig e Os Araweté: Os Deuses Canibais de Eduardo Viveiros de Castro.

Além da antropologia, métodos da pesquisa etnográfica são utilizados por diferenças áreas, como sociologia, psicologia e até mesmo design.[3] Mais recentemente, grandes empresas, ao tentarem entender realmente melhor seus clientes, começaram a usar pesquisas etnográficas. A Microsoft é um dos maiores empregadores de etnógrafos.[4]

Os estudos etnográficos são técnicas, proveniente das disciplinas de Antropologia Social, que consiste no estudo de um objecto por vivência directa da realidade onde este se insere. Estes estudos têm mostrado que o trabalho das pessoas é, normalmente, mais rico e complexo do que o descrito pelas definições dos processos e pelos modelos dos sistemas. O principal problema da aplicação deste método é fruto da dificuldade na generalização dos resultados. É um método qualitativo que se insere na corrente filosófica do Interpretivismo.

Etnografia (do grego ἔθνος ethnos "povo, povo, nação" e γράφω grapho "eu escrevo") é um ramo da antropologia e o estudo sistemático de culturas individuais. A etnografia explora os fenômenos culturais do ponto de vista do sujeito do estudo. A etnografia também é um tipo de pesquisa social que envolve examinar o comportamento dos participantes em uma determinada situação social e compreender a própria interpretação dos membros do grupo sobre tal comportamento.[5][6][7]

Como uma forma de investigação, a etnografia depende muito da observação participante – do pesquisador que participa do cenário ou das pessoas que estão sendo estudadas, pelo menos em algum papel marginal, e procura documentar, em detalhes, padrões de interação social e as perspectivas de participantes e compreendê-los em seus contextos locais. Teve sua origem na antropologia social e cultural no início do século XX, mas se espalhou para outras disciplinas das ciências sociais, notadamente a sociologia, ao longo desse século. Os etnógrafos usam principalmente métodos qualitativos , embora também possam empregar dados quantitativos. A etnografia típica é um estudo holístico e, portanto, inclui uma breve história e uma análise do terreno, do clima e do habitat. Uma ampla gama de grupos e organizações tem sido estudada por este método, incluindo comunidades tradicionais, gangues juvenis, cultos religiosos e organizações de vários tipos. Enquanto, tradicionalmente, a etnografia se baseava na presença física do pesquisador em um cenário, há pesquisas usando o rótulo que se baseou em entrevistas ou documentos, às vezes para investigar eventos no passado, como o desastre do NASA Challenger. Há também uma quantidade considerável de etnografia 'virtual' ou online, às vezes rotulada como netnografia ou ciberetnografia.[8]

  1. «Etnografia». Portal Educação. Consultado em 17 de setembro de 2015 
  2. Fetterman, David D (2010). "a wilderness guide". Ethnography: step-by-step, ed. 3, p. 33.
  3. «An ethnography prime». AIGA. Consultado em 17 de setembro de 2015 
  4. «Here's Why Companies Are Desperate To Hire Anthropologists». Business Insider. Consultado em 17 de setembro de 2015 
  5. «Definition of ethnography | Dictionary.com». www.dictionary.com (em inglês). Consultado em 13 de março de 2022 
  6. «What is ethnography?». American Ethnography Quasimonthly. Consultado em 13 de março de 2022 
  7. Dewan M. (2018) Entendendo a etnografia: a perspectiva de um etnógrafo 'exótico'. In: Mura P., Khoo-Lattimore C. (eds) Pesquisa Qualitativa Asiática em Turismo. Perspectivas sobre o turismo asiático. Springer, Singapura.
  8. Ember, Carol and Melvin Ember, Cultural Anthropology (Prentice Hall, 2006), chapter one. Heider, Karl. Seeing Anthropology. 2001. Prentice Hall, Chapters One and Two. Vaughan, D. (2016) The Challenger Launch Decision; Risky technology, culture, and deviance at NASA, Second edition, Chicago ILL, University of Chicago Press.

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