Guerra Colonial Portuguesa

Guerra Colonial Portuguesa
Parte da Guerra Fria e dos Movimentos de Independência Africanos
Data 4 de fevereiro de 196125 de abril de 1974
(13 anos, 2 meses e 3 semanas)
Local Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste
Desfecho Conflito cessado pela Revolução de 25 de Abril de 1974
Mudanças territoriais Independência das colónias africanas portuguesas
Beligerantes
Portugal Portugal

Apoiado por:
África do Sul África do Sul
 Rodésia
Malawi[1]
Essuatíni
Botswana
Espanha Espanha
Movimentos de independência
MPLA
UNITA
FNLA
FLEC
PAIGC
Moçambique FRELIMO
MLSTP
FRETILIN

Apoiados por:
 União Soviética
 Cuba
 China
 Estados Unidos
Zaire[2]
 Zâmbia
 Argélia
Tanzânia
Senegal
 Tunísia
Guiné
Gana
Etiópia Etiópia
Egito Egito
Nigéria
Uganda
Somália
República do Congo Congo
Líbia Líbia
Checoslováquia Checoslováquia
Polónia Polônia
Bulgária Bulgária
Jugoslávia Jugoslávia
Marrocos Marrocos
Comandantes
Angola:
Portugal Francisco da Costa Gomes
Guiné-Bissau:
Portugal António de Spínola
Moçambique:
Portugal António Augusto dos Santos (1964–69),
Portugal Kaúlza de Arriaga (1969–74)
Angola:
Holden Roberto
Jonas Savimbi
Agostinho Neto
Mário Pinto de Andrade
Daniel Chipenda
Guiné-Bissau:
Amílcar Cabral
Moçambique:
Moçambique Eduardo Mondlane   (1962–69)
Moçambique Filipe Samuel Magaia   (1964–66)
Moçambique Samora Moïses Machel (1969–75)
Forças
800 000 homens mobilizados para as forças armadas e serviços civis auxiliares (média de 107 000 homens destacados em África em qualquer altura) [3] 38 000 - 53 000+ ? Guerrilha
18 000 em Angola
10 000 na Guiné-Bissau
10 000 - 15 000 em Moçambique
Baixas
8 830 mortes, dos quais 8 290 do exército e restantes da Marinha e da Força Aérea, sendo 2 493 de recrutamento local e 6 337 da metrópole
15 507 com deficiência permanente (física ou psicológica)
50 000 em Angola (~ 6 000 mortos)
~4 000 feridos na Guiné-Bissau
10 000 mortos em Moçambique

A Guerra Colonial Portuguesa, também conhecida como Guerra de Libertação ou Guerra da Independência pelos movimentos independentistas africanos e asiáticos, é uma das designações atuais do período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação ou independência formados nas províncias do então Ultramar Português, em particular Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique — entre 1961 e 1974. O termo Guerra do Ultramar começou a ser utilizado de forma oficial por várias das principais figuras do regime, como o presidente do conselho Oliveira Salazar[4] e o então Governador da Guiné, António Spínola,[5] durante o período do Estado Novo, embora o regime ditatorial habitualmente considerasse os levantamentos armados dos movimentos de libertação como atos não de guerra, mas de terrorismo.[6] A designação Guerra do Ultramar é também a designação utilizada atualmente por antigos combatentes e associações de veteranos de guerra. Na época, a guerra era referida vulgarmente em Portugal como Guerra de África.[7]

O início deste episódio da história militar portuguesa e da história do colonialismo português ocorreu em Angola, a 15 de Março de 1961, na zona que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte, que corresponde aos distritos do Zaire, Uíje e Quanza-Norte. A Revolução dos Cravos em Portugal (25 de Abril de 1974), e que põe fim à ditadura do Estado Novo, resulta em grande parte dos desenvolvimentos políticos, sociais, militares e legais da guerra. A mudança do rumo político do país permitiu que se pusesse fim a uma guerra que durava há treze anos e dar início ao processo de descolonização. Os novos dirigentes anunciavam a democratização do país e predispunham-se a aceitar as reivindicações de independência das colónias. Entre 1974 e 11 de novembro de 1975 o Estado português negoceia com os movimentos de libertação a transição para a independência dos territórios africanos sob o domínio colonial português.

Durante o conflito armado, o Estado Novo aumentou progressivamente a mobilização das forças armadas portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao alargamento das frentes de combate que, no início da década de 1970, atingiria o seu limite crítico. Aumento que decorre da mobilização de contingentes africanos num processo denominado "africanização da guerra".[8] O Estado Novo defendia desde o seu princípio a integridade dos territórios coloniais portugueses. A guerra sustentava-se pelo princípio político da defesa daquilo que o regime considerava território nacional por via da revisão constitucional de 1951. Ideologicamente, baseava-se no conceito de nação pluricontinental e multirracial a partir da instrumentalização das teses de Gilberto Freyre sobre o lusotropicalismo. Os movimentos de libertação defendiam a independência dos territórios sob o domínio colonial português com base no princípio inalienável de autodeterminação e independência. O seu posicionamento foi defendido num quadro internacional de apoio e incentivo à luta e apoiado nos movimentos internacionais de negritude e pan-africanismo.[9]

  1. «Afrikka» (PDF). Consultado em 12 de Maio de 2011 
  2. (em português) FNLA - um movimento em permanente letargia, guerracolonial.org
  3. https://books.google.pt/books?id=bGO3Q-96wkAC&printsec=frontcover&dq=joao+de+melo+anos+da+guerra&hl=pt-PT&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=oitocentos%20mil&f=false
  4. L. (6 de dezembro de 1962). «A transmissão de poderes dos novos membros do governo». Jornal da Madeira (9420): 1.ª página. ...as operações de guerra do Ultramar Português.. (discurso de Salazar) 
  5. «O Governador da Guiné regressou a Bissau». Diário de Notícias (Madeira) (30653): 3. 30 de novembro de 1968. A Nação tem de viver a guerra do Ultramar na sua real intensidade 
  6. Rodrigues, Fátima (2016). «O modo luso-tropical de fazer ver a guerra». Revista Brasileira de História da Mídia. Consultado em 18 de janeiro de 2020 
  7. A utilização abusiva dos termos «colonial» e «Guerra Colonial», por João José Brandão Ferreira, IPEC, 26 Outubro 2020
  8. Gomes, Carlos Matos (2013). «A africanização na Guerra Colonial e as suas sequelas. Tropas locais – Os vilões nos ventos da História». In: MENESES, Maria Paula; MARTINS, Bruno Sena. As Guerras de Libertação e os sonhos coloniais: Alianças secretas. Coimbra: CES/Almedina. pp. 123–141 
  9. ARAÚJO, Marta; MAESO, Silvia Rodríguez (2016). Os contornos do Eurocentrismo. Raça, história e textos políticos. Coimbra: Almedina 

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