Lendas

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Lendas e contos populares do Paraná As lendas e contos populares apresentam como principal característica a oralidade, ou seja, as narrações realizadas durante uma conversa, buscando, na maioria das vezes, explicar um fenômeno inexplicável para a população carente de informações. Para desastres naturais, surgimento de doenças ou infestações em plantações, o povo recorre a sua fértil imaginação para criar as lendas que relatam maldições, assombrações e manifestações de santos como resposta ao que aconteceu..

No Paraná, essas lendas tiveram início com os diversos povos que formaram o Estado. São comuns as lendas e contos de origem indígena, relacionadas aos escravos, padres jesuítas ou ao movimento do Tropeirismo. Buscando reunir todos esses contos, a Secretaria Estadual da Cultura do Paraná (SEEC) organizou no ano de 2005 uma vasta pesquisa que resultou no terceiro caderno do projeto “Paraná da Gente”, denominado “Lendas e Contos Populares do Paraná”. Selecionando mais de 200 histórias entre 97 municípios, os contos são divididos pelos seguintes temas: 19 lendas do monge João Maria; 13 manifestações de santos e santas; 6 maldições, pragas e maledicências; 43 assombrações, noivas e outras aparições; 5 benzimentos, curas e milagres; 12 sobre cemitérios e caixões; 11 sobre heróis, bandidos, escravos e aventuras; 11 lendas indígenas; 29 lendas de lobisomens, demônios, monstros e outros seres fantásticos; 22 lugares e coisas encantadas; 22 tesouros escondidos e 20 sobre a origem e nomes de localidades e cidades.

Entre as lendas mais conhecidas do Paraná, algumas encaixam-se nos seguintes temas e são apresentadas abaixo:


1. Lendas do monge João Maria Lenda de São João Maria (Prudentópolis): Durante o início do século XIX, era comum encontrar pelas cidades paranaenses um monge de nome João Maria que tinha a aparência de um andarilho, com roupas desgastadas, pés descalços e barba por fazer. Alimentando-se somente com ervas, o monge era conhecido também por realizar milagres como curar uma doença ou atrair chuvas. Em Prudentópolis, o monge acampou próximo a um olho d'água e, a partir disso, as pessoas começaram a creditar poderes de cura e batizar suas crianças no pequeno córrego. Além disso, João Maria também realizou previsões como a de uma estrada preta que traria muitas mortes, ou seja, o asfalto.

2. Manifestações de santos e santas A lenda da mudança (Paranaguá): Essa lenda retrata a história da santa da vila de Paranaguá que, por decisão da classe mais abastada do município, foi levada ao altar da igreja matriz. Porém, no dia seguinte, ela sempre desaparecia, sendo encontrada em seu altar no Rocio. Após muitas tentativas, os poderosos foram convencidos de que a santa havia escolhido o lugar onde queria ficar e nunca mais a removeram do Rocio.

3. Lendas indígenas Lenda das Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu): Para muitos paranaenses a formação das Cataratas do Iguaçu está relacionada à fuga de Naipi, uma índia da tribo Kaigangue prometida ao deus M'boi, com o guerreiro Tarobá. Ao saber que sua amada havia sido roubada pelo índio, M'boi, com seu formato de grande serpente, entrou pelas rochas e criou a fenda que dá origem as cataratas. Dessa forma, o casal indígena que fugia em uma pequena canoa foi engolido pelas águas do rio Iguaçu. A lenda diz que Naipi transformou-se em uma rocha e Tarobá em uma palmeira situada sobre a Garganta do Diabo. Debaixo dessa palmeira, M'boi esconde-se em uma gruta onde mantém vigília sobre o casal.

4. Tesouros escondidos Tesouro do Capão da Onça (Ponta Grossa): Na fazenda do coronel Jordão Ribas da Silva, um jovem agricultor polonês avistou a figura de um padre jesuíta que o chamava. Ao aproximar-se o padre pediu que o lavrador o seguisse, pois ele iria lhe mostrar o local onde um grande tesouro estava escondido. Após muito caminharem o padre apontou um certo local e orientou para que o jovem cavasse ali e que o tesouro encontrado fosse utilizado para o bem. Dessa forma, o padre desapareceu. O polonês retornou à sua casa para buscar seus equipamentos, mas ao voltar ao local indicado e cavar, nada encontrou. Pensando ter se enganado, cavou em outros lugares, porém sem encontrar uma pedra de ouro. Buscando o lugar correto, o jovem enlouqueceu e até hoje exploradores buscam o tesouro do padre jesuíta no local conhecido atualmente como Capão da Onça.

5. Origem e nome de localidades e cidades Lenda de Vila Velha (Ponta Grossa): Há muitos anos havia um lugar denominado como Abaretama, cujo significado era “terra dos homens”. Nesse local, vivia a tribo dos Apiabas, que deveria proteger o tesouro de Itaimmareru. Desfrutando de muitas regalias, os índios não deviam se envolver com mulheres, pois elas trariam a desgraça revelando o segredo do tesouro às tribos inimigas. Sabendo disso, uma tribo rival enviou a jovem Aracê Poranga para seduzir o guerreiro Dhui, porém o casal se apaixonou verdadeiramente, provocando a ira de Tupã. A revolta do Deus indígena gerou um grande terremoto que deu origem às furnas. Os jovens foram transformados em pedra junto a uma taça que representava sua traição, e o tesouro derreteu, dando origem à Lagoa Dourada.


Esses são apenas alguns exemplos do imaginário paranaense que é recriado visando dar explicações fantásticas a fenômenos que seriam, muitas vezes, facilmente decifrados por áreas como a Geografia, a Física ou a Química, mas que criadas e adaptadas geração após geração representam a identidade cultural e popular do Paraná.


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