Lepra

Lepra
Lepra
Perna com lesões de lepra limítrofe (borderline)
Sinónimos Hanseníase, doença de Hansen
Especialidade Infectologia
Sintomas Diminuição da sensibilidade (térmica, dolorosa e tátil) [1]
Causas Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis[2][3]
Fatores de risco Proximidade com pessoas infetadas, pobreza[1][4]
Tratamento Terapia multidrogas[2]
Medicação Rifampicina, dapsona, clofazimina[1]
Frequência 514 000 (2015)[5]
Classificação e recursos externos
CID-10 A30, A30.9
CID-9 030, 030.9
CID-11 149072669
OMIM 607572, 609888, 613407
DiseasesDB 8478
MedlinePlus 001347
eMedicine 220455, 1104977, 1165419
MeSH D007918
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Lepra,[nota 1] doença de Hansen ou hanseníase é uma infeção crónica causada pelas bactérias Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis.[2][3] A infeção geralmente não manifesta sintomas durante os primeiros 5 a 20 anos.[2] Gradualmente, vão-se desenvolvendo granulomas nos nervos, trato respiratório, pele e olhos.[2] Isto pode resultar na diminuição da capacidade de sentir dor, o que por sua vez pode levar à perda de partes das extremidades devido a lesões ou infeções sucessivas que passam despercebidas ao portador.[1] Estes sintomas podem também ser acompanhados por diminuição da visão e fraqueza.[1]

A lepra é transmitida entre pessoas e possivelmente a partir de tatus (dasipodídeos, clamiforídeos).[7] Pensa-se que a transmissão se dê através da tosse ou pelo contacto com o muco nasal de uma pessoa infetada.[7] A lepra é mais comum em contextos de pobreza.[1] Contrariamente à crença popular, não é uma doença altamente contagiosa.[1] A doença é classificada em dois tipos principais: lepra paucibacilar e lepra multibacilar.[1] Os dois tipos distinguem-se pelo número de manchas de pele hipopigmentada e dormente – a lepra paucibacilar possui cinco ou menos e a multibacilar mais de cinco.[1] O diagnóstico é confirmado com a análise de uma biópsia.[1]

A lepra pode ser curada com um tratamento multidrogas.[2] O tratamento da lepra paucibacilar consiste na administração de dapsona e rifampicina durante seis meses.[1] O tratamento de lepra multibacilar consiste na administração de rifampicina, dapsona e clofazimina durante doze meses.[1] Podem também ser usados outros antibóticos.[1] A Organização Mundial de Saúde disponibiliza estes medicamentos de forma gratuita.[2] Em 2012, havia em todo o mundo 189 000 casos crónicos de lepra, uma diminuição acentuada em relação aos 5,2 milhões na década de 1980.[2][8][9] No mesmo ano registaram-se 230 000 novos casos.[2] Em 2022 foram notificados 174.087 novos casos da doença no mundo. A Índia é o país com o maior número de doentes e registrou 103.819 novos casos da doença em 2022. [10] O Brasil é o segundo país em número de casos de hanseníase com 19.635 casos notificados em 2022. [10] A maior parte dos novos casos ocorre em apenas 16 países, dos quais a Índia contabiliza mais de metade.[2][1] Nos últimos vinte anos foram curadas da lepra 16 milhões de pessoas em todo o mundo.[2]

A lepra afetou a Humanidade durante milhares de anos.[1] O nome da doença tem origem no termo grego λέπρᾱ (léprā), derivado de λεπῐ́ς (lepís; "escama"). O termo "hanseníase" é dado em homenagem ao médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, que descobriu a causa da doença em 1873.[1] Isolar os portadores da doença em leprosarias, outrora comum em todo o mundo, ainda ocorre na Índia,[11] China,[12] e África.[13] No entanto, a maior parte das leprosarias foi encerrada, dado que a doença não é significativamente contagiosa.[13] Durante grande parte da História, os leprosos foram vítimas de estigma social, o que ainda continua a ser uma barreira para a procura de tratamento.[2] Devido a este estigma, muitas pessoas consideram o termo "leproso" ofensivo.[14] A condição está classificada como doença tropical negligenciada.[15]

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p Suzuki, Koichi; Akama, Takeshi; Kawashima;, Akira; et al. (Fevereiro de 2012). «Current Status of Leprosy: Epidemiology, Basic Science and Clinical Perspectives.». International Journal of Dermatology. 39 (2): 121–9. PMID 21973237. doi:10.1111/j.1346-8138.2011.01370.x. Consultado em 19 de maio de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l «Leprosy». Organização Mundial da Saúde. 10 de setembro de 2019. Consultado em 20 de maio de 2020 
  3. a b «New Leprosy Bacterium: Scientists Use Genetic Fingerprint To Nail 'Killing Organism'». ScienceDaily. 28 de novembro de 2008. Consultado em 31 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 13 de março de 2010 
  4. Schreuder, P.A.M.; Noto, S.; Richardus J.H. (janeiro de 2016). «Epidemiologic trends of leprosy for the 21st century». Clinics in Dermatology. 34 (1): 24–31. ISSN 0738-081X. PMID 26773620. doi:10.1016/j.clindermatol.2015.11.001 
  5. GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577Acessível livremente. PMID 27733282. doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  6. «Lei Nº 9.010, de 29 de Março de 1995». Planalto.gov.br. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  7. a b «Hansen's Disease (Leprosy) Transmission». cdc.gov. 29 de abril de 2013. Consultado em 28 de fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 13 de março de 2015 
  8. «Global leprosy situation, 2012». Wkly. Epidemiol. Rec. 87 (34): 317–28. Agosto de 2012. PMID 22919737 
  9. Rodrigues LC; Lockwood DNj (junho de 2011). «Leprosy now: epidemiology, progress, challenges, and research gaps.». The Lancet Infectious Diseases. 11 (6): 464–70. PMID 21616456. doi:10.1016/S1473-3099(11)70006-8 
  10. a b «Weekly Epidemiological Record (WER), 8 September 2023, Vol. 98, No. 37, pp. 409–430 [EN/FR] - World | ReliefWeb». reliefweb.int (em inglês). 15 de setembro de 2023. Consultado em 27 de outubro de 2023 
  11. Walsh F (31 de março de 2007). «The hidden suffering of India's lepers». BBC News. Cópia arquivada em 29 de maio de 2007 
  12. Lyn TE (13 de setembro de 2006). «Ignorance breeds leper colonies in China». Independat News & Media. Consultado em 31 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 8 de abril de 2010 
  13. a b Byrne, Joseph P. (2008). Encyclopedia of pestilence, pandemics, and plagues. Westport, Conn.[u.a.]: Greenwood Press. p. 351. ISBN 978-0-313-34102-1 
  14. editors, Enrico Nunzi, Cesare Massone, (2012). Leprosy a practical guide. Milan: Springer. p. 326. ISBN 978-88-470-2376-5. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  15. «Neglected Tropical Diseases». cdc.gov. 6 de junho de 2011. Consultado em 28 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2014 


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