Mesas girantes

Salão parisiense com pessoas praticando três variações das mesas girantes com um anel, uma mesa e um chapéu.[1] (L'Illustration, Histoire de la semaine, 14 de maio de 1853)[2]
Equipamento desenvolvido por Michael Faraday para demonstrar o efeito ideomotor.[3]

Mesas girantes, mesas falantes ou dança das mesas são um tipo de sessão espírita em que os participantes se sentam ao redor de uma mesa, colocam as mãos sobre ela e esperam que ela se movimente. Populares no século XIX,[4] acreditava-se que as mesas serviam como meio de comunicação com supostos espíritos. Alfabetos também eram colocados sobre as mesas e elas se inclinavam para a carta adequada, soletrando palavras e frases.[5][6]

O fenômeno é explicado pelo efeito ideomotor,[7] que também acontece no tabuleiro ouija[8][9] e na chamada "brincadeira do copo".[10][11][12] Em 1853, quando as sessões atingiram grande popularidade,[13][14] Michael Faraday publicou os resultados de experimentos[nota 1][17][18][19] que explicaram a movimentação das mesas. Faraday demonstrou experimentalmente as descobertas de William Benjamin Carpenter[20] sobre esse efeito ideomotor, responsável pela movimentação involuntária dos músculos pelos participantes da sessão espírita.[21] Os experimentos excluíram definitivamente a eletricidade, o magnetismo, a rotação da terra, forças desconhecidas e as explicações sobrenaturais ou diabólicas como causa da movimentação das mesas.[22] Em uma palestra posterior Faraday analisou as críticas ao experimento.[23]

Apesar disso, e da condenação pela Igreja Católica, no século XIX e começo do século XX os defensores do magnetismo animal e do médico acusado de charlatanismo Franz Anton Mesmer,[24] os praticantes do moderno espiritualismo e, posteriormente, os adeptos do espiritismo,[25] continuaram a alegar que as mesas permitiam a comunicação de espíritos com as pessoas.[26]

O espiritismo se apresenta como "uma ciência"[27] e, mesmo com as evidências e críticas posteriores,[28][29][18] as mesas girantes, o tabuleiro ouija e a "brincadeira do copo" ainda são consideradas reais por kardecistas e umbandistas. Adeptos destas e de outras religiões espiritualistas acreditam que pessoas mortas se comunicavam usando as mesas girantes. No presente essa comunicação aconteceria através dos supostos fenômenos mediúnicos, principalmente os chamados de psicografia e psicofonia, expressões cunhadas por Allan Kardec, o criador da Doutrina Espírita.[30]

  1. Geoghegan, Bernard Dionysius (2016). «Mind the Gap: Spiritualism and the Infrastructural Uncanny» (requer pagamento). Critical Inquiry (em inglês). 42 (4): 899–922. ISSN 0093-1896. doi:10.1086/686945. Consultado em 19 de abril de 2018. Cópia arquivada em 30 de julho de 2019 
  2. L'Illustration Paris, 14 May 1853 (em francês) – via Wikimedia Commons 
  3. a b «Table turning» (em inglês). The Illustrated London News. 16 de julho de 1853. Consultado em 19 de abril de 2018. Cópia arquivada em 19 de abril de 2018 – via Google Books 
  4. «Table-Turning: a Victorian fad». Royal Irish Academy (em inglês). 24 de outubro de 2017. Consultado em 4 de fevereiro de 2018. Cópia arquivada em 5 de fevereiro de 2018 
  5. Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Table-turning». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público) 
  6. Lewis Spence (1920). «Table-turning». An encyclopaedia of occultism: a compendium of information on the occult sciences, occult personalities, psychic science, magic, demonology, spiritism and mysticism. Londres: George Routledge & sons, ltd. pp. 398–399 
  7. Carroll, Robert Todd (2014). «ideomotor effect». skepdic.com (em inglês). The Skeptic's Dictionary. Consultado em 12 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 16 de novembro de 2016 
  8. Carroll, Robert Todd (2014). «Ouija board». skepdic.com (em inglês). The Skeptic's Dictionary. Consultado em 12 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2016 
  9. Lorràine, A.J. (maio de 1920). «Do spirits talk through ouija board?». HathiTrust (em inglês). Popular Science Monthly. v.96, p. 60-63. Consultado em 22 de abril de 2018 
  10. «Conversando com os Mortos - A História da "Brincadeira do Copo"». Projeto Ockham. Consultado em 13 de abril de 2015. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2015 
  11. Antônio Carlos (espírito), Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (médium) (1990). Copos que Andam. São Paulo: Petit Editora e Distribuidora Ltda. 144 páginas. ISBN 978-85-7253-018-7. Consultado em 16 de maio de 2015. Cópia arquivada em 20 de junho de 2015 
  12. Cintia Baio (22 de setembro de 2015). «Como funcionam as brincadeiras do copo e da tábua de Ouija?». UOL Ciência e Saúde. Consultado em 22 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2015 
  13. Thompson, Silvanus Phillips (1898). Michael Faraday; his life and work (em inglês). Cornell University Library. London: Cassell. pp. 250–252. Consultado em 18 de abril de 2018. Cópia arquivada em 21 de março de 2016 
  14. James, Frank A. J. L; Faraday, Michael (1991). The correspondence of Michael Faraday. Vol. 4 (em inglês). London: The Institution of Electrical Engineers. pp. xxx–xxxii. ISBN 0-86341-251-3. Consultado em 18 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de abril de 2018 
  15. Faraday, Michael (2 de julho de 1853). «Table-turning» (em inglês). The Illustrated London News. p. 530 
  16. Faraday, Michael (2 de julho de 1853). «The table-turning delusion» (requer pagamento). The Lancet (em inglês). 62 (1557): 17–18. doi:10.1016/S0140-6736(02)34594-X 
  17. Faraday, Michael (1853). Professor Faraday on table-moving. Col: The Athenæum: A Journal of Literature, Science, the Fine Arts, Music, and the Drama (em inglês). Londres: British Periodicals Limited. pp. 801–803. Consultado em 3 de fevereiro de 2018. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2018 
  18. a b «Michael Faraday's Researches in Spiritualism» (requer pagamento). The Scientific Monthly (em inglês). 83 (3): 145–150. 1956. Consultado em 28 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 5 de março de 2016 
  19. Watt-Smith, Tiffany (2013). «Cardboard, Conjuring and 'A Very Curious Experiment'» (requer pagamento). Interdisciplinary Science Reviews (em inglês). 38 (4): 306–320. ISSN 0308-0188. doi:10.1179/0308018813Z.00000000061 
  20. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome carpenter
  21. David Derbyshire (2013). «The psychology of spiritualism: science and seances». The Guardian (em inglês). Consultado em 28 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2015 
  22. Fox, Robert (22 de setembro de 2000). «No table left unturned in varied life of science». Times Higher Education (THE) (em inglês). Cópia arquivada em 19 de abril de 2018 
  23. Whewell, William; Faraday, Michael; Latham, Robert Gordon; Daubeny, Charles G.B.; Tyndall, John; Paget, James; Hodgson, William Ballantyne (1917). Lankester, E. Ray (Edwin Ray), ed. Science and education; lectures delivered at the Royal institution of Great Britain. London: William Heinemann. pp. 39–74, p. 51. Consultado em 18 de abril de 2018. Cópia arquivada em 25 de novembro de 2016. When engaged in the investigation of table-turning, I constructed a very simple apparatus, serving as an index, to show the unconscious motions of the hands upon the table. The results were either that the index moved before the table, or that neither index nor table moved; and in numerous cases all moving power was annihilated. A universal objection was made to it by the table- turners. It was said to paralyse the powers of the mind but the experimenters need not see the index they may leave their friends to watch that, and their minds may revel in any power that their expectation or their all imagination can confer. So restrained, a dislike to the trial arises but what is that except a proof that whilst they trust themselves they doubt themselves, and are not willing to proceed to the decision, lest the trust which they like should fail them, and the doubt which they dislike rise to the authority of truth. 
  24. Carpenter, William Benjamin (1877). Mesmerism, spiritualism, &c. historically & scientifically considered, being two lectures delivered at the London institution, with preface and appendix. New York: D. Appleton and company. Consultado em 7 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 25 de março de 2016 
  25. Wantuil, Zêus (1954). «Das mesas girantes e falantes». Reformador. Ano 72 (10): 239-244. Consultado em 16 de março de 2019. Cópia arquivada em 12 de março de 2019 
  26. Epidemic Delusions by William Benjamin Carpenter, Popular Science Monthly, 1872 no Wikisource em inglês. "Take the case of Table-turning, which occurred earlier. I dare say many of you remember that epidemic which preceded the spiritualism; in fact, the spiritualism, in some degree, arose out of table-turning."
  27. Allan, Kardec (2013). O que é o Espiritismo (PDF). Para responder, desde já e sumariamente, à pergunta formulada no título deste opúsculo, diremos que: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. Brasília: Federação Espírita Brasileira. p. 40. Consultado em 5 de setembro de 2015. Cópia arquivada (PDF) em 24 de setembro de 2015 
  28. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :2
  29. Short, S.E.D (1984). «Physicians and Psychics: The Anglo-American Medical Response to Spiritualism, 1870–1890» (requer pagamento). Journal of the History of Medicine and Allied Sciences (em inglês). 39 (3): 339-355. doi:10.1093/jhmas/39.3.339 
  30. Kardec, Allan (1996). O Livro dos Médiuns 62 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 488 páginas. ISBN 85-7328-053-0. Consultado em 12 de abril de 2015. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2015 


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