Misantropia

Gravura da edição de 1719 de Le Misanthrope.

Misantropia é o ódio, a antipatia, a desconfiança ou o desprezo geral pela espécie humana, pelo comportamento humano ou pela natureza humana. Seu antônimo é a filantropia.

Um misantropo é alguém que tem tais opiniões ou sentimentos. A palavra tem sua origem nas palavras gregas μῖσος (mīsos, ódio) e ἄνθρωπος (ānthropos, homem, humano). A misantropia envolve uma atitude avaliativa negativa em relação à humanidade que se baseia em um julgamento negativo sobre os defeitos da humanidade. Estes defeitos são vistos como ubíquos, ou seja, possuídos por quase todos em um grau sério e não apenas por alguns casos extremos. Eles também são considerados entrincheirados, o que significa que não há maneira ou não é fácil retificá-los a menos que haja uma transformação completa do modo de vida dominante.

Os principais defeitos apontados pelos misantropos incluem defeitos intelectuais, defeitos morais e defeitos estéticos. Defeitos intelectuais, como o pensamento ilusório, o dogmatismo, a estupidez e os vieses cognitivos, são o que leva a falsas crenças, o que obstrui o conhecimento ou o que viola as exigências da racionalidade. Defeitos morais, como crueldade, indiferença ao sofrimento dos outros, egoísmo e covardia, são frequentemente identificados com tendências a promover o que é mau ou com atitudes inadequadas em relação aos valores. Defeitos estéticos dizem respeito à fealdade e incluem aspectos feios da vida humana, a fealdade causada pelas atividades humanas e a falta de sensibilidade à beleza. Os defensores da misantropia frequentemente se concentram em defeitos morais e fornecem vários exemplos das suas manifestações, como assassinatos em massa, a pecuária industrial e a poluição do meio ambiente. Os opositores respondem a isto apontando que os graves defeitos morais são manifestadas apenas por poucas pessoas com doenças mentais ou em circunstâncias extremas, o que é negado pelos misantropos. Outra consideração importante para argumentos baseados nos defeitos é que eles destacam apenas um lado da humanidade, enquanto as atitudes avaliativas devem levar em conta todos os lados. Outros argumentos contra a misantropia baseiam-se não em se essa atitude reflete adequadamente o valor negativo da humanidade, mas nos custos de aceitar uma posição associada ao ódio, para o indivíduo e para a sociedade em geral. Os defensores responderam a isso mostrando como uma perspectiva misantrópica pode levar a várias formas diferentes de vida. Enquanto algumas delas são baseadas no ódio e podem levar à violência, outras se concentram mais no medo e na retirada da influência negativa. Outras alternativas incluem a resignação e o ativismo alimentado pela esperança de provocar uma transformação radical.

A misantropia figura em várias obras de arte e filosofia. Está intimamente relacionada, mas não idêntica, ao pessimismo filosófico, que envolve uma atitude negativa não apenas para a humanidade, mas para a vida como um todo. Considerações misantrópicas têm sido usadas como argumento a favor do antinatalismo, a posição de que chegar à existência é má e que, portanto, os seres humanos têm o dever de se abster da procriação.


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