Navalha de Ockham

Guilherme de Ockham. Esboço de um manuscrito de Summa logicae (1341) com a inscrição frater Ockham iste.

A Navalha de Ockham,[nota 1] também chamada de princípio da economia,[nota 2] é um princípio de investigação heurístico advindo da escolástica que, para a formação de hipóteses explicativas, exige a maior parcimônia em termos de complexidade.[3][4][5] Nomeado em homenagem a Guilherme de Ockham (1288–1347), o princípio é elemento do método científico,[6] sendo também aplicado na filosofia da ciência.

Grosso modo, o princípio postula que de múltiplas explicações adequadas e possíveis para o mesmo conjunto de fatos, deve-se optar pela mais simples daquelas. Por “simples” entende-se aquela que contiver o menor número possível de variáveis e hipóteses com relações lógicas entre si, das quais o fato a ser explicado segue logicamente.[7]

Em termos simplificados, a Navalha de Ockham pode ser descrita da seguinte forma:

Em igualdade de condições, a explicação mais simples é geralmente a mais provável.[8]

A regra de Ockham está associada à exigência de reconhecer, para cada objeto analisado, apenas uma explicação suficiente. Na prática científica atual, o consenso dita que essa explicação não deve ser necessariamente monocausal, podendo consistir em múltiplas frases correlatas. A designação metafórica de "navalha" resulta da possibilidade de todas as outras explicações de um fenômeno poderem ser simples e simultaneamente removidas como que por uma navalha.[2]

A vantagem prática desse princípio para a busca de teorias reside no fato de que teorias com poucas e simples suposições são mais facilmente verificáveis do que aquelas com muitas e complicadas.[9] A navalha de Ockham é, porém, apenas um dos vários critérios para atestar a qualidade de uma teoria.[10] Com ela não se pode julgar a validade de modelos explicativos, mas pode-se descartar suposições desnecessárias.[11] Uma abordagem moderna e reducionista é o princípio KISS. Um desdobramento do princípio da parcimônia na ciência é, na matemática, o princípio de permanência.

  1. Merino, José A. História de la Filosofia Medieval (em espanhol). [S.l.: s.n.] p. 288 
  2. a b Baker, Alan (2016). Zalta, Edward N., ed. «Simplicity». Metaphysics Research Lab, Stanford University. Stanford Encyclopedia of Philosophy Archive (em inglês). Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2020 
  3. Oxford University Press (2019). «Occam's razor» (em inglês). Lexico.com. Consultado em 10 de maio de 2020. Cópia arquivada em 10 de maio de 2020 
  4. Schaffer, Jonathan (2015). «What Not to Multiply Without Necessity» (PDF). Australasian Journal of Philosophy. 93 (4): 644–664. doi:10.1080/00048402.2014.992447 
  5. Reductionism: Occam's Razor, Reductionism, Monism, Reduction, Type Physicalism, Dialectical Monism, Separation of Concerns. [S.l.]: General Books. 2010. 96 páginas. ISBN 1156581338 
  6. Gibbs, Phil; Hiroshi, Sugihara (1997). «What is Occam's Razor?». The Physics and Relativity FAQ. Riverside: University of California 
  7. Sober, Elliott (1994). «Let's Razor Occam's Razor». In: Knowles, Dudley. Explanation and Its Limits. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 73–93 
  8. «O que é a navalha de Ockham, ideia de um monge que guia mentes brilhantes desde a Idade Média». Folha de S.Paulo. 19 de novembro de 2023. Consultado em 5 de agosto de 2024 
  9. Courtney, A.; Courtney, M. (2008). «Comments Regarding 'On the Nature of Science'». Physics in Canada. 64 (3): 7-8. Bibcode:2008arXiv0812.4932C. arXiv:0812.4932Acessível livremente 
  10. Bruno Lazaretti (18 de julho de 2014). «O que é a Navalha de Occam ?». Revista Super - Editora Abril. Consultado em 15 de maio de 2017 
  11. Capitão Travis Patriquin, Exército dos EUA (2007). «O Princípio da Navalha de Occam para Vincular Fatos» (PDF). Military Review. Consultado em 2 de janeiro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 31 de julho de 2013 


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