Neoplatonismo

Neoplatonismo é o termo que define o conjunto de doutrinas e escolas de inspiração platônica que se desenvolveram do século III ao século VI, mais precisamente da fundação da escola alexandrina por Amônio Sacas (232) ao fechamento da escola de Atenas imposto pelo edito de Justiniano, de 529.[1]

O neoplatonismo é direcionado para os aspectos espirituais e cosmológicos do pensamento platônico, sintetizando o platonismo com a teologia egípcia[2] e judaica.[2] No entanto, os neoplatônicos se consideravam simplesmente platônicos, e a distinção moderna é devido à percepção de que sua filosofia continha interpretações suficientemente originais a Platão para torná-la substancialmente diferente daquilo que Platão escreveu.[3]

A cadeia de ideias e pensadores que o termo engloba foi seguida pelo aluno de Amônio, Plotino (século III), e, depois dele, houve três períodos distintos na história do neoplatonismo: a obra de seu aluno Porfírio (terceiro ao início do quarto século); a de Jâmblico (século III ao IV), que enfatizava a teurgia; e o período nos séculos V e VI, quando as Academias de Alexandria e Atenas floresceram.[4]

O neoplatonismo teve uma influência duradoura na história subsequente da filosofia. Pensadores da escola neoplatônica relacionaram seus pensadores com outras escolas intelectuais. Por exemplo, certas vertentes do neoplatonismo influenciaram pensadores cristãos (como Agostinho, Boécio, João Escoto Erígena e Boaventura de Bagnoregio),[5] enquanto o pensamento cristão influenciou (e às vezes converteu) filósofos neoplatônicos (como Pseudo-Dionísio, o Areopagita).[6][7] Na Idade Média, as ideias neoplatônicas foram estudadas e discutidas por pensadores muçulmanos, cristãos e judeus. Na esfera cultural islâmica, textos neoplatônicos estavam disponíveis em traduções para árabe e persa, e pensadores notáveis como al-Farabi, Solomon ibne Gabirol (Avicebron), Avicena e Maimônides incorporaram elementos neoplatônicos em seu próprio pensamento.[8] Tomás de Aquino teve acesso direto às obras de Proclo, Simplício e Pseudo-Dionísio, o Areopagita, e conheceu outros neoplatonistas, como Plotino e Porfírio, através de fontes secundárias.[9] Místicos medievais, como Mestre Eckhart, também foram influenciados pelo neoplatonismo.

O neoplatonismo também teve uma forte influência na filosofia perene dos pensadores renascentistas italianos Marsilio Ficino e Pico della Mirandola, e continua através do universalismo do século XIX e da espiritualidade e não dualismo modernos. O neoplatonismo sustenta tradições místicas em todas as três das principais religiões abraâmicas.[10]

  1. Vários autores (2003). Lexicon - dicionário teológico enciclopédico. [S.l.]: Loyola. pp. 524–. ISBN 978-85-15-02487-2. Consultado em 23 de abril de 2013 
  2. a b Luckert, Karl. Egyptian light and Hebrew fire: theological and philosophical roots of Christendom in evolutionary perspective, SUNY Press, 1991. ISBN 978-0-7914-0967-1, page 330.
  3. Gerson, Lloyd (2018). Zalta, Edward N., ed. «Plotinus». Metaphysics Research Lab, Stanford University. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  4. Wear, Sarah Klitenic (2013). «Neoplatonism». Oxford Bibliographies (em inglês). Classics. Consultado em 8 de abril de 2021 
  5. Robb, Nesca A., 1968, Neoplatonism of the Italian Renaissance, New York: Octagon Books
  6. «Philip Schaff: ANF01. The Apostolic Fathers with Justin Martyr and Irenaeus - Christian Classics Ethereal Library». www.ccel.org. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  7. The Catholic Encyclopedia: "His thoughts, phrases, and expressions show a great familiarity with the works of the neo-Platonists, especially with Plotinus and Proclus." [1]
  8. Kreisel, Howard (1997). «Moses Maimonides». In: Frank; Leaman. History of Jewish Philosophy. Col: Routledge history of world philosophies. London and New York: Routledge. pp. 245–280. ISBN 978-0-415-08064-4 
  9. Wayne Hankey, "Aquinas, Plato, and Neo-Platonism"
  10. Armstrong, Karen. A History of God. [S.l.: s.n.] 

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