Octoeco

 Nota: Este artigo é sobre modalismo. Para o livro litúrgico bizantino, veja Octoeco (livro).
Árvore papádico-cucuzeliana, usada para instrução no octoeco papádico

O octoeco ou octoecos[1] (em grego bizantino: Ὀκτώηχος, transl.: Oktṓēchos – trad.: “oito sons”; em antigo eslavo eclesiástico: Осмогла́сие, transl. Osmoglásie; em latim: octo toni; em armênio/arménio: ութձայնի, transl. owt’jayni/ut῾jayni; em aramaico: ܬܡܢܐ ܪܩܢܐ‎, transl. təmānē reqneʾ/ṯmōnē rēqnēʾ; em georgiano: ოქტოიხოსი, transl. ok'toikhosi), também conhecido como os oito tons[2] ou oito modos,[2][3] é o nome coletivo dos sistemas de oito modos musicais utilizados para a composição de canto litúrgico cristão de diversas tradições desde a Idade Média.

Apesar de discordâncias liturgiológicas quanto ao surgimento e difusão do octoeco, há consenso quanto à sua origem última na comunidade cristã de Jerusalém, com um sistema de oito modos de origem no modalismo clássico (com possível contribuição da tradição hebreia) sendo adequado a um ciclo semanal óctuplo, provavelmente no século V. O sistema logo se difundiu no Levante e no Cáucaso, onde se desenvolveram tradições autônomas, nomeadamente as do rito sírio ocidental (fundamentadas na Casa dos Tesouros), a do armênio e os cantos polifônicos do antigo rito da Igreja Ortodoxa Georgiana, hoje substituído pelo bizantino.

Após uma reforma sabaíta chancelada no Concílio Quinissexto em 692, surgiu oficialmente o octoeco hagiopolitano adotado inicialmente pelo rito bizantino. Este sistema originou os tons salmódicos do canto gregoriano, desenvolvidos no contexto da Renascença Carolíngia no século VIII, e, através das missões cirilo-metodianas, as sementes do que viria a ser o octoeco do canto neumático entre os eslavos orientais. Enquanto os tons salmódicos se solidificaram como principal método de composição do rito latino, posteriormente deixando grande influência tanto na música clássica como na popular, do canto neumático se derivou uma grande família de cantos, alguns com interpretações modais divergentes, em que pese a manutenção do rito bizantino. No século XIX, tornou-se dominante na Rússia o canto dos costumes, fundamentado em escalas maiores e menores ocidentais. No restante do mundo ortodoxo calcedoniano, sob contínua influência do Império Bizantino, o octoeco hagiopolitano passou por sua primeira grande reforma no século XIII, quando se criou o sistema conhecido como octoeco papádico, cujo octoeco teve suas diferenças em relação ao hagiopolitano marcadas no século XVII. O século XIX foi marcado por duas reformas que introduziram o octoeco bizantino, finalmente temperado.

O octoeco greco-bizantino, o armênio e uma das nomenclaturas ocidentais dividem os modos em duas categorias, numerando-os dentro de seus respectivos grupos. Outra nomenclatura ocidental, assim como a eslava (inclusive a que mantém o octoeco bizantino), a georgiana (idêntica à eslava) e a síria ocidental, numeram, de formas diferentes, os modos de primeiro a oitavo. Mais outra nomenclatura ocidental, ainda, baseia-se no modalismo clássico. Nos ritos bizantino, sírio ocidental e armênio, como nas origens hagiopolitanas, hinos nos oito modos são alternados em ciclos que se repetem ao longo do ano litúrgico, embora possam ser interrompidos em ocasiões especiais.

  1. Hernández 2006, p. 93.
  2. a b Sperandio 2015, p. 14.
  3. Hernández 2006, p. 94.

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