Plano Cruzado

Oficial presidente José Sarney

Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas, lançado pelo governo brasileiro em 28 de fevereiro de 1986, com base no decreto-lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986,[1] sendo José Sarney o presidente da República e Dilson Funaro o ministro da Fazenda. O plano foi aprovado na Câmara dos Deputados com 344 votos a favor e 13 contra, enquanto no Senado Federal só 1 dos 49 parlamentares votou contra.[2]

A principal marca foi o congelamento de preços. Alimentos, combustíveis, produtos de limpeza, serviços e até o real tiveram os preços tabelados pelo governo. Essas medidas do Plano Cruzado contrariaram a recomendação internacional do Fundo Monetário Internacional, a quem o governo culpava pela inflação por ser "especuladores".[3]

Inicialmente, o Cruzado reduziu a inflação de 12,49% em fevereiro de 1986 para 1,40% em outubro do mesmo ano. Com o resultado o governo Sarney ficou extremamente popular, era considerado ótimo ou bom por 72% dos brasileiros, segundo o Ibope,[4] e o PMDB, sozinho, elegeu 53% dos deputados federais e o PFL 24% – dando ao governo maioria de 77% nas eleições gerais no Brasil em 1986. No Senado, a bancada governista somava 81%.[5] Os resultados foram inéditos na história política brasileira.[6] O plano foi elogiado em editoriais de jornais e por políticos de todas as vertentes, como José Serra (um dos redatores), Maria Conceição Tavares, Plínio de Arruda e Aloízio Mercadante.[7] O Partido dos Trabalhadores gravou peça de propaganda sobre a medida.[8] Ficaram isolados na crítica ao plano ambos os líderes das correntes economicistas dos anos 80 chamadas de ortodoxos e heterodoxos, respectivamente Leonel Brizola,[9] e de Roberto Campos, criador do BNDES- mas adepto ao Austerismo no fim da vida.[7]

O plano em si não era sustentável. Devido ao controle dos preços dos produtos e serviços, as mercadorias principiaram a escassear e a sumir. Mercados paralelos floresceram e só pagando "ágio" era possível comprar as coisas. As exportações caíram, as importações aumentaram e as reservas cambiais foram esgotadas. A inflação disparou, os preços de combustíveis, bebidas, automóveis aumentaram consideravelmente. A economia entrou em colapso. Seis dias depois das eleições gerais no Brasil em 1986 o governo lançou o Plano Cruzado II.[10] Em 2005, José Sarney admitiu que o plano cruzado foi um erro.[11]

  1. «Decreto-lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986». Presidência da República. Consultado em 25 de julho de 2017 
  2. «Plano Cruzado, da euforia ao fiasco». O Globo. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  3. «Cruzado: 25 anos». Folha de SP. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  4. «Avaliação positiva alcança a de Sarney no Plano Cruzado». Estado de SP. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  5. «As eleições e os planos econômicos». Folha de SP. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  6. «Inflação e eleição». Folha de SP. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  7. a b «Da VEJA ao PT, todos elogiaram o Plano Cruzado». Veja. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  8. «VÍDEO HISTÓRICO: O falatório sobre o Plano Cruzado garantiu a Mercadante o título de pior garoto-propaganda do mundo». Veja. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  9. «Leonel Brizola». FGV. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  10. «"Badernaço" completa 25 anos neste domingo». Jornal do Brasil. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  11. «"Renda é ponto fraco do governo", diz Sarney». Folha de SP. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 

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