Seppuku (切腹 lit. "cortar o ventre"?), vulgarmente conhecido no ocidente por haraquiri ou haraquíri (腹切 ou 腹切り harakiri?),[1] refere-se ao ritual suicida japonês reservado à classe guerreira, principalmente samurai, em que ocorre o suicídio por esventramento.[2] Surgiu no Japão em meados do século XII generalizando-se até 1868, quando sua prática foi oficialmente interditada. A palavra haraquíri, embora amplamente conhecida no estrangeiro, é raramente utilizada pelos japoneses, que preferem o termo seppuku (composto pelos mesmos caracteres kanji por ordem inversa). O ritual de estripação normalmente fazia parte de uma cerimónia bastante elaborada e executada na frente de espectadores.
O método apropriado de execução consistia num corte (kiru) horizontal na zona do abdómen, abaixo do umbigo (hara), efetuado com um tantō, wakizashi ou um simples punhal, partindo do lado esquerdo e cortando-o até ao lado direito, deixando assim as vísceras expostas como forma de mostrar pureza de carácter. Finalmente, se as forças assim o permitissem, era realizado outro corte puxando a lâmina para cima, prolongando o primeiro corte ou iniciando um novo ao meio desse.[3][4] Terminado o corte, o kaishakunin (介错人?) realizava a sua principal função no ritual, a decapitação.[5]
Tratando-se de um processo extremamente lento e doloroso de suicídio, o seppuku foi utilizado como método de demonstrar a coragem, o autocontrole e a forte determinação característicos de um samurai. Como parte do código de honra do bushido, o seppuku era uma prática comum entre os samurais, que consideravam a sua vida como uma entrega à honra de morrer gloriosamente, rejeitando cair nas mãos dos seus inimigos, ou como forma de pena de morte frente à desonra por um crime, delito ou por outro motivo que os ignominiasse.[6] Outras razões estavam por detrás destes corajosos actos, como a violação da lei ou o chamado oibara (追腹?), no qual o rōnin (浪人 lit. "homem onda"?) após perder o seu dáimio (大名 lit. "grande nome"?), que na época possuía um papel semelhante ao senhor feudal no ocidente, seria compelido à prática do seppuku, exceptuando-se casos em que o seu senhor por escrito impedia tal costume.[7]