A simbiose pode ser definida como uma associação a longo prazo entre dois organismos de espécies diferentes [1][2][3] seja essa relação benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não.
No meio científico ainda não há um consenso sobre a definição correta do termo simbiose. Há várias definições vigentes e há um amplo debate sobre as vantagens e limites de cada definição. Segundo Pradeu (2011)[4] o termo simbiose pode ser definido como qualquer interação a longo prazo entre indivíduos de diferentes espécies, sendo essa associação evolutivamente benéfica para o hospedeiro e neutra ou benéfica para o simbionte. Para outros autores,[1][2][5] a simbiose pode ser definida de maneira mais ampla, sendo então uma associação a longo prazo entre dois organismos de diferentes espécies, sendo essa a acepção mais aceita atualmente. Essa última definição difere da primeira de maneira crucial ao desconsiderar os efeitos sobre o fitness dos envolvidos nessa associação, o que pode ser uma vantagem dada a dificuldade em determinar se certas interações mais voláteis, isto é, que transitam de um estado para outro, podendo estas serem benéficas, neutras ou prejudiciais para um dos envolvidos.
Todos os animais e plantas conhecidos estabelecem algum tipo de relação simbiótica,[6][7] geralmente as interações mais comuns são associações simbióticas com microrganismos, apesar destas não serem tão percebidas quanto os outros tipos de associações.
Alguns casos clássicos que ajudam a compreender o conceito de simbiose são:
Certos Cnidários alojam algas nos seus tentáculos. Estes animais distribuem-se próximos à superfície da água para que as algas possam usar a luz para efetuar a fotossíntese. Ao realizarem o processo, as algas produzem certos compostos orgânicos essenciais ao organismo hospedeiro. Protozoários e Moluscos também fazem simbiose com as algas.
Orquídeas e muitas outras espécies de hábito epifítico habitam locais ricos em matéria orgânica, mas pobres em sais minerais. No entanto, as suas raízes (freqüentemente apresentando um tecido esponjoso, o velame) abrigam fungos do tipo Micorriza, que atacam a matéria orgânica do substrato e a decompõe na forma de sais minerais, que podem assim ser assimilados pelos vegetais. Em contrapartida, as plantas realizam a fotossíntese e sintetizam moléculas orgânicas, como carboidratos e aminoácidos, essenciais à sobrevivência dos fungos.
As mitocôndrias vivem no interior das células eucarióticas, produzindo energia na forma de ATP, numa estreita relação simbiótica. Essa relação é tão forte que a célula e a mitocôndria não conseguem viver separados. Acredita-se que as mitocôndrias eram organismos que viviam isolados no exterior das células, e que foram incorporadas por algumas células, criando uma forte relação entre os dois organismos: a célula fornece alimento e um ambiente seguro para o desenvolvimento e reprodução da mitocôndria, e esta se responsabiliza pelo fornecimento de energia da célula. Uma prova disso seria o facto de a mitocôndria ter material genético próprio (o DNA mitocondrial).
Fungos e algas, numa relação mútua de proteção-alimento, caracterizando os líquens.
↑ abOulhen, N., Schulz, B. J., & Carrier, T. J. (2016). English translation of Heinrich Anton de Bary’s 1878 speech, “Die Erscheinung der Symbiose” (“De la symbiose”). Symbiosis, 69(3), 131–139. https://doi.org/10.1007/s13199-016-0409-8
↑ abSapp, J. (1994). Evolution by association: A history of symbiosis. New York: Oxford University Press.
↑McFall-Ngai, M. J. (2002). Unseen forces: the influence of bacteria on animal development. Developmental Biology, 242(1), 1–14. https://doi.org/10.1006/dbio.2001.0522
↑Gilbert, S., Sapp, J., Tauber, A., Handling Editor James D. Thomson, & Associate Editor Stephen C. Stearns. (2012). A Symbiotic View of Life: We Have Never Been Individuals. The Quarterly Review of Biology, 87(4), 325-341. doi:10.1086/668166
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