Teurgia

Teurgia (do grego θεουργία theourgía "obra de Deus") é um antigo nome para ritos e práticas religiosas que deveriam possibilitar o contato com os seres divinos e obter ajuda deles. O praticante é chamado de "teurgo" ou "teurgista". De acordo com a visão comum dos antigos teurgos, nenhuma tentativa era feita para forçar os deuses a reagir com magia, mas sim uma cooperação entre Deus e homem, na qual o teurgo se abriria para a influência divina.

O conceito de teurgia teve origem no Império Romano. A primeira ocorrência do termo é encontrada no século II, nos Oráculos Caldeus, ou também em Nicômaco de Gerasa (c. 160 EC), em que este último teria fornecido menção de teurgos realizando sons estranhos, sibilantes e estalando a língua. Júlio Pólux, entre os anos 166 e 176, emprega-o em seu Onomasticon dentre as terminologias para especialistas ritualísticos e cúlticos.[1] Mas tornou-se principalmente conhecida ao final da Antiguidade entre os neoplatônicos Porfírio, Jâmblico e Proclo (este último tendo aprendido de Asclepigênia),[2][3] na discussão em que defendiam ideia de cooperação ritual com os deuses, embora essa ideia tenha encontrado rejeição geral entre outros filósofos neoplatônicos.

O teólogo da antiguidade tardia Pseudo-Dionísio Areopagita, fortemente influenciado pelo neoplatonismo de Proclo, adotou o termo “teurgia” na teologia cristã, o que influenciou o cristianismo esotérico.

O termo foi aproveitado para se referir também à invocação de anjos na chamada "teurgia cristã", como a partir da Ars Notoria no século XII na Itália, o que se refletiu ainda na demonologia do grimório A Chave Menor de Salomão (século XVII); isso influenciou depois as práticas teúrgicas de Martinez de Pasqually, dos Élus Coëns, e posteriormente na Ordem Martinista.[4] A palavra foi interpretada ainda mais modernamente como uma prática primeva da magia cerimonial (ou ritual) por expoentes esotéricos de magia que incorporaram o termo, como Helena Blavatsky na Teosofia, a Ordem Hermética da Aurora Dourada, e Aleister Crowley na Thelema.[5][6][7]

  1. Tanaseanu-Döbler, Ilinca (15 de maio de 2013). Theurgy in Late Antiquity: The Invention of a Ritual Tradition (em inglês). [S.l.]: Vandenhoeck & Ruprecht. p. 21 
  2. Berg, Rudolphus Maria (1 de janeiro de 2001). Proclus' Hymns: Essays, Translations, Commentary (em inglês). [S.l.]: BRILL 
  3. Waithe, M. E. (30 de abril de 1987). Ancient Women Philosophers: 600 B.C.-500 A. D. (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media 
  4. Collis, Robert; Bayer, Natalie (13 de janeiro de 2020). Initiating the Millennium: The Avignon Society and Illuminism in Europe (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  5. Williams, Brandy (8 de setembro de 2016). For the Love of the Gods: The History and Modern Practice of Theurgy (em inglês). [S.l.]: Llewellyn Worldwide 
  6. Blavatsky, H. P. (11 de agosto de 2007). The Key to Theosophy by H.P. Blavatsky (em inglês). [S.l.]: Theosophy Trust Books 
  7. Lycourinos, Damon Zacharias (15 de novembro de 2017). Ritual Embodiment in Modern Western Magic: Becoming the Magician (em inglês). [S.l.]: Routledge 

From Wikipedia, the free encyclopedia · View on Wikipedia

Developed by Tubidy