Vampirismo real

 Nota: Para outros significados, veja Vampirismo (desambiguação).

Vampirismo, também conhecido como hematofilia ou vampirismo real,[1] é uma parafilia na qual o indivíduo apresenta obsessão de sugar o sangue do seu parceiro sexual, sendo considerado uma forma de sadismo.[2]

Em inglês é conhecido como clinical vampirism,[3][4][5] literalmente vampirismo clínico, e Renfield's syndrome,[6] literalmente síndrome de Renfield. O termo Renfield foi usado pela primeira vez, de forma arbitrária, pelo psicólogo americano Richard Noll, numa homenagem ao assistente de Drácula que se alimentava de insectos, Renfield, no romance de Bram Stoker.[4][7][8] Este termo tem sido usado na literatura psiquiátrica e ficcional, bem como na televisão, onde foi mencionado num episódio de CSI intitulado "Committed" (5.ª temporada, episódio 21).[9][4]

As pessoas que sofrem desta condição são principalmente do sexo masculino. O desejo de sangue surge a partir da ideia deste transmitir poderes que melhoram a vida. De acordo com Noll, a condição é iniciada com um acontecimento chave na infância que faz com que a experiência da perda de sangue ou a sua ingestão passe a ser excitante. Após a puberdade, a excitação é vivida como uma estimulação sexual. Em toda a adolescência e idade adulta, o sangue, a sua presença e o seu consumo podem também estimular uma sensação de poder e controlo. Segundo Noll, o vampirismo começa com autovampirismo e, em seguida, avança para o consumo do sangue de outras criaturas.[4]

Esta parafilia não consta do DSM-IV, e a utilidade desta caracterização de diagnóstico permanece em questão. Muito poucos casos desta parafilia têm sido descritos, e os relatórios publicados que existem referem-se ao que tem sido proposto como vampirismo através do uso de categorias oficiais de diagnósticos psiquiátricos como esquizofrenia ou como uma variedade de parafilia. Um certo número de assassinos aparentemente executou rituais vampíricos sobre as suas vítimas. Os assassinos em série Peter Kürten e Richard Chase foram ambos chamados "vampiros" nos jornais após se ter descoberto que bebiam o sangue das vítimas que assassinavam. Da mesma forma, em 1932, um caso de assassinato não resolvido em Estocolmo, Suécia foi apelidado de "assassinato de vampiro", devido às circunstâncias da morte da vítima.[10]

Além das referências ao vampirismo na literatura psiquiátrica e meios de comunicação social, o escritor de terror Chelsea Quinn Yarbro publicou um conto intitulado "Síndrome da Renfield" em julho de 2002, reimpresso numa antologia que apareceu no ano seguinte.

  1. França, Cassandra Pereira (2005), Perversão - Variações Clínicas em Torno de uma Nota Só, ISBN 9788573964790, Casa do Psicólogo, p. 108 
  2. Gomes, Hélio (1978), Medicina legal 19 ed. , Livraria Freitas Bastos, p. 409 
  3. Kamir, Orit (2001). Every Breath You Take: Stalking Narratives and the Law. [S.l.: s.n.] ISBN 0472110896. ... here as a clinical vampirism should bear a new eponymous label in future psychiatric treatment and be renamed Renfield's syndrome in honor of the character ... 
  4. a b c d Ramsland, Katherine. «Renfield's Syndrome». Crime Library. Consultado em 18 de dezembro de 2007. Psychiatrists are aware that there exists a behavior known as "clinical vampirism," which is a syndrome involving the delusion of actually being a vampire and feeling the need for blood. This arises not from fiction and film but from the erotic attraction to blood and the idea that it conveys certain powers, although the actual manifestation of the fantasy may be influenced by fiction. It develops through fantasies involving sexual excitement. 
  5. «Clinical vampirism. A presentation of 3 cases and a re-evaluation of Haigh, the 'acid-bath murderer'.». S Afr Med J. Consultado em 18 de dezembro de 2007. Clinical vampirism is named after the mythical vampire, and is a recognizable, although rare, clinical entity characterized by periodic compulsive blood-drinking, affinity with the dead and uncertain identity. It is hypothetically the expression of an inherited archaic myth, the act of taking blood being a ritual that gives temporary relief. From ancient times vampirists have given substance to belief in the existence of supernatural vampires. Four vampirists, including Haigh, the 'acid-bath murderer', are described. 
  6. «Will those elusive vampires show up at a symposium dedicated to them?». Macleans. Consultado em 18 de dezembro de 2007. In fact, there is a psychiatric condition called Renfield's Syndrome, named for the mentally deranged character in Bram Stoker's Dracula who craves spiders and bugs, believing them to be a life force. Those suffering from the syndrome have an erotic attraction to ingesting blood, which they see as a means of gaining immortality and other powers. 
  7. Richard Noll (1992). Vampires, Werewolves and Demons: twentieth century reports in the psychiatric literature. [S.l.]: Brunner/Mazel Publications. ISBN 0-87630-632-6 
  8. «Vampires aren't just about blood, teeth and Dracula.». University Wire. Consultado em 18 de dezembro de 2007. Renfield syndrome is another disease linked with the idea of vampirism. Named after Renfield from Bram Stoker's "Dracula," Renfield's syndrome consists of ... 
  9. «CSI:Committed». CSI: Crime Scene Investigation. Consultado em 18 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2008. Kenny Valdez is in the Seclusion Room, strapped to a bed in a five-point restraint system, claiming he can "smell it!" Kenny suffers from Renfield's syndrome, a self-mutilator. The CSIs notice that even though Kenny has blood on his clothes, there is no spatter pattern. 
  10. (sueco) Linnell, Stig (1993) [1968]. Stockholms spökhus och andra ruskiga ställen. [S.l.]: Raben Prisma. ISBN 91-518-2738-7 

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