Xogum

 Nota: Se procura pelo livro Xógum, escrito por James Clavell, veja Xógum (livro).
Tokugawa Ieyasu
Sakanoue no Tamuramaro, um dos primeiros xoguns da história

Xogum (しょうぐん Shōgun?, lit. "comandante do exército" em português), abreviação do termo japonês Seii Taishōgun (せいたいしょうぐん? lit. "Grande General Apaziguador dos Bárbaros"),[1] foi um título militar, usado no período do Japão feudal, concedido diretamente pelo Imperador ao general que comandava o exército (enviado a combater os emishi, habitantes do norte do país).[2] Até 1192, este título possuía nomeação temporária.[3]

Quando os primeiros exploradores portugueses entraram em contato com os japoneses, durante o Período Nanban, em 1543, estes descreveram as condições japonesas em analogia, comparando o imperador ao papa, que possuía grande autoridade simbólica mas pouco poder político e o xogum aos governantes europeus seculares, como por exemplo, o Sacro Imperador Romano. Assim, os portugueses chegaram a usar o termo "imperador" em referência ao xogum, por exemplo, no caso de Toyotomi Hideyoshi, a quem os missionários chamaram de "Imperador Taicosama" (de Taiko e do sama honorífico).[4] Atualmente xogum é comparado com termos como "ditador militar"[5] ou "generalíssimo"[6] com a finalidade de explicar as suas funções a um público não familiarizado com a história do país.

Desde o século XII até 1868[7] o xogum constituiu-se como o governante de facto de todo o país, embora teoricamente o Imperador fosse o legítimo governante e depositasse a autoridade no xogum para governar em seu nome.[8] Durante este tempo, o Imperador viu-se obrigado a delegar completamente qualquer atribuição ou autoridade civil, militar, diplomática e judiciária a quem detivera tal título.[9]

Ao governo comandado por um xogum, ou a ditadura militar exercida por um xogum, denominado em português como xogunato, em japonês como bakufu (ばく lit. "governo da tenda"?),[10] originalmente representava a tenda de onde o xogum liderava seu exército durante as batalhas.[2]

Durante a história do Japão existiram três governos xogunatos, com o primeiro a estabelecido em 1192 por Minamoto no Yoritomo, conhecido como "Xogunato Kamakura". Tal governo era controlado por apenas três membros do clã Minamoto, pois o poder fora usurpado pelo clã Hōjō, que sob o título de regentes nomeavam crianças e jovens para xoguns, que removiam do poder ao cumprirem os vinte anos.

O segundo xogunato é conhecido como "Ashikaga" e foi fundado em 1338 por Ashikaga Takauji. Durante este xogunato, quinze membros do clã Ashikaga mantiveram o cargo até Oda Nobunaga, um proeminente estratega militar do período Azuchi-Momoyama, remover o xogum em 1573.[11] Oficialmente o governo de Yoshiaki durou até 1588, quando este renunciou ao seu cargo,[12] embora a maioria dos historiadores assegurem que o xogunato de facto terminou em 1573.[13][14]

O terceiro e último foi o "xogunato Tokugawa", instituído oficialmente por Ieyasu Tokugawa em 1603[15] e culminou em 1868, depois da renúncia ao cargo de Tokugawa Yoshinobu,[16] quando o Imperador Meiji retomou o seu papel como protagonista na vida política do país e a figura do xogum foi abolida.

  1. Izuka & Sinclaire, 2001:13.
  2. a b História do Japão. «Do Período Edo ao fim do Xogunato». Suki Desu. 23 de julho de 2018. Consultado em 3 de setembro de 2018 
  3. Turnbull, 2006a:40.
  4. Fernandes Pinto. «Japanese elites as seen by jesuit missionaries» (PDF) (em inglês). Universidade Nova de Lisboa [ligação inativa]
  5. Gaskin & Cebrian, 2005:11.
  6. Johnson, 2000:741.
  7. About.com. «what is a Shogun?» 
  8. Maki, 2008:30.
  9. Kuno, 2007:245.
  10. Turnbull, 2006a:207.
  11. Hall, 1988:230.
  12. De Bary, 2001:435.
  13. Chão & Cook, 1997:10.
  14. Deal, 2007:17.
  15. Bryant, 1995:80.
  16. Turnbull, 1996:153.

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